Francisco Assis dos Santos*
No século XIX, Matthew Arnold, poeta e crítico inglês, já descrevia a cultura como um ato normativo de nos familiarizarmos com o melhor do que era conhecido e dito no mundo, do mais esplêndido, dos ideais mais sublimes em termos de gosto e refinamento, das coisas boas com as quais se espera estar associado: livros bons, companhia boa, roupas boas, música boa, teatro bom, etc.
Para Theodor ADORNO (1903-1969) a cultura atual é a indústria cultural em que os detentores do poder na sociedade, imporiam ou impõe através da mídia seus valores e modelos de comportamento, que seriam uniformizadores e bloqueariam a criatividade, via massificação e passividade do indivíduo, aceitando fins estabelecidos por outros.
Subcultura, apregoa-se por aí, é o conjunto de particularidades culturais de um grupo que se dista do modo de vida dominante sem desprender dele. A subcultura, com raras exceções, notadamente no país tupiniquim, se caracteriza pelo aguçar dos instintos mais perversos daquilo que o homem tem de pior. É mediocridade pura, não tem grandeza de alma! A mediocridade da subcultura atual é assustadora. A bobagem avulta em todos os segmentos da mídia. As pessoas, em sua maioria, se pautam pela mediocridade. Aliás, na subcultura, quanto mais anarquismo, melhor!
Dentre tantas, cito a subcutulra gótica, explicitamente urbana, que teve início no Reino Unido da década de 1970. A subcultura gótica está fortemente associada a gêneros musicais, tais como o pós-punk e o rock gótico.Pessoas excêntricas são os principais adeptos dessa subcultura. Aqui no Brasil, há uns poucos que aderem a subcultura gótica. Sabe-se, entretanto, à boca miúda, que essa subcultura sucumbe quando começa tocar Reginaldo Rossi. Nesse caso, não é leviano dizer que, no Brasil, a subcultura GÓTICA, é para inglês ver.
O espaço aqui é exíguo para declinar as centenas e milhares de culturas e subculturas existentes pela estrada afora. No entanto, no Brasil, pegou num famoso meio de comunicação uma cultura ou subcultura, que vai muito além da cultura do refinamento de hábitos, modos ou gostos salutares à vida humana. Trata-se do Big Brother!
O BIG Brother, cultura burlesca, beirando a idiotice, se reprisa a cada ano pior e mais deformado dos que os anteriores. Sem história, chato, promíscuo e apelativo, traz em sua petulância o descaramento da maioria dos seus componentes. Desfaçatez que só perde para o CINISMO da Rede Globo em “botar” isso no ar.
O nocivo Big Brother está na contramão do culto hierárquico da beleza. Se alimenta, obviamente, pelos meios de comunicação moderna, que endeusa a estética objetiva, convencionada de cultura popular. Ocorre que a cultura popular contemporânea raramente se preocupa com o que é “bom”. Entenda-se por “cultura popular” aquela que é vendida, pois que mais consumida, em alta escala. Aliás, veicula nas redes sociais uma afirmação atribuída ao escritor e roteirista de televisão, Luís Fernando Veríssimo (82 anos): “Assistir o BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade”.
Assim, esta cultura atrai às massas e não requer alto grau de sofisticação intelectual ou refinamento cultural. A cultura popular encontra seu ápice, atualmente, no entretenimento visual, especialmente, na comunicação instantânea e nas novas formas da tecnocultura, tornando ultrapassado tudo o que surgiu antes dela. Hoje a beleza é objetiva e as artes visuais encontram na cidade, um terreno fértil para seu crescimento. E o pior de tudo é que somos obrigados a engolir calados.
“Aqui no Brasil, há uns poucos que aderem a subcultura gótica. Sabe-se, entretanto, à boca miúda, que essa subcultura sucumbe quando começa tocar Reginaldo Rossi.”
HUMANISTA. E-mail:[email protected]