O senador Jorge Viana (PT) reuniu a imprensa, no início da manhã de ontem, 29, para um café da manhã regado à política. O parlamentar falou sobre os seus oito anos enquanto senador da República, além de comentar a respeito das últimas eleições, os desafios que o Partido dos Trabalhadores deve enfrentar daqui para frente, entre outras questões.
Ao comentar sobre sua derrota nas urnas, o senador acreano disse que ‘pagou contas que não eram suas’, e acrescentou que poderia ter adotado outro método de campanha para ganhar as eleições.
“Eu tenho claro que, nessa eleição, paguei a conta dos outros. Assumindo os meus erros, com a minha experiência, eu poderia ter mudado completamente minha campanha. Eu estava com a eleição praticamente ganha até setembro. Mas eu não tenho nenhuma dúvida que, no meu caso, eu paguei uma conta que não era só minha”, defende.
Jorge Viana disse que é preciso fazer uma avaliação desprendida de sentimentos, mas sim prática. Para ele, o erro cometido na composição da chapa majoritária foi um dos que levou a Frente Popular à derrota esmagadora nas eleições.
“Pra mim a avaliação pragmática foi feita: o nome dela é derrota. Vamos ser pragmáticos: faltaram votos, sobraram erros, perdeu. Se não incorporar isso, está parecendo que não perdeu. Deixar as feridas cicatrizarem um pouco, senão a gente vai falar também com emoção e a razão fica de lado”, completa.
Ao falar especificamente sobre as duas vagas para o Senado, Jorge Viana disse que houve o que ele classificou de “soberba” dentro da Frente Popular do Acre ao colocar a candidatura do então petista, deputado Ney Amorim, atualmente sem partido, na disputa.
“Isso aí é a soberba da soberba. Porque na última eleição [2014], nós fomos já no sacrífico para o segundo turno com o Tião. E você chega no pior momento do PT, no pior momento da FPA e diz: ‘não, vamos ganhar tudo. Vota tudo no PT quatro vezes’. Gente, é o contrário do que eu sempre fiz na vida. Mas qual é o meu papel, se já estavam lá os deputados todos, os partidos todos? Eu tentei ajudar, e não estava no comando. Não era assim que todo mundo falava que tinha 24 deputados apoiando, tinha todos os partidos apoiando? Isso é a soberba da soberba. O que aconteceu? A minha campanha, o meu material de campanha foi feito com absoluta lealdade à chapa da FPA. Não procurei nenhuma pessoa de qualquer coligação adversária atrás de ter algum voto. Fui até o último dia, com desgaste. Os fatos estão aí”, relata Jorge Viana, ao comentar sobre a candidatura do ex-companheiro de partido, Ney Amorim.
Ao falar com relação ao Partido dos Trabalhadores, ele citou que é preciso olhar para frente e buscar novas formas de se reinventar. Ele pontua que isso é mais salutar para o partido que uma avaliação dos erros que possam ter sido cometidos, e disse que, caso a situação interna do PT não se alinhe para novas propostas, ele está disposto a buscar novos caminhos. Entretanto, o senador não confirmou sua saída do partido.
“Acho que o que atrai mais é uma formação eventual futura. Estou mais interessado futuramente se for pegar esse caminho, se a situação não melhorar, se a situação seguir ruim ou do jeito que está. Juntar pessoas em cima de uma proposta nova é mais fácil que em cima de uma avaliação. Não vou ficar discutindo com grupos dentro do PT, porque esse é um dos erros: o PT criar ‘grupelhos’. Na minha época, tinha o PT e cabia alguns agrupamentos dentro. Na hora em que os agrupamentos começam a assumir, você perde a noção do todo”, pontua.
Jorge Viana anunciou que deve seguir trabalhando na inciativa privada. Disse que recebeu diversas propostas, mas que as avalia. Ao pontuar sobre uma avaliação do governo de Gladson Cameli e Jair Bolsonaro, o senador disse ser cedo para tal avaliação, e acrescentou que não pretende ser um oposicionista ferrenho, mas que deseja que os governos de ambos deem certo.
“Não vou sair fazendo oposição a Bolsonaro, ao Gladson. Não é o meu papel agora. O recado das urnas não foi para me colocar na oposição. Eu não gosto de mexer com isso. Gosto de fazer as coisas acontecerem. Oposição é para o profissional de oposição. Eu tenho uma vivencia. O que eu acho que não vale é também esses rótulos. Acho que temos que dar um tempo. Eu devo trabalhar na iniciativa privada. Tem alguma propostas, mas estou vendo ainda”, finaliza.