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Mortes de agricultores em Acrelândia reacendem debate da prevenção ao suicídio

Mortes de agricultores em Acrelândia reacendem debate da prevenção ao suicídio

As mortes dos agricultores Nelson Luiz Bello e Deusilene Vieira, no Ramal Cumaru, em Acrelândia, reacenderam o debate sobre como identificar pessoas vítimas da depressão. De acordo com o delegado que investiga o caso, Samuel Mendes, tudo leva a crer que Nelson matou a companheira e cometeu suicídio.

Os motivos que o levou a cometer tal ato ainda estão sendo investigados pela Polícia Civil. Em setembro de 2018, um filho do casal cometeu suicídio após se jogar na frente de um veículo na BR-364. Os casos podem não ter ligações diretas.

Mas, o que leva uma pessoa a matar seu semelhante e depois colocar fim à própria vida? A psicóloga clínica Valcilene Cardozo disse que, em casos de crimes passionais, o homem tende a ter a ideia de pertencimento de suas companheiras, levando-o a cometer o feminicídio e depois o suicídio.

“Não é uma regra, mas o homem mata e depois se mata. ‘Senão é minha, não será de mais ninguém’. Mas algum transtorno ele deveria ter antes. A mulher quando ama, ela não mata. Isso é mais próprio do homem”, comenta a psicóloga sobre a possibilidade de um crime passional.

Valcilene Cardozo comenta que a depressão tem diversas fases, sendo a mais crítica a que leva o indivíduo ao isolamento. Ela conta que a ajuda deve ser feita por um profissional capacitado e a aceitação do paciente da sua condição é fundamental para a recuperação.

“A depressão é variável. Ela tem vários graus. Uma pessoa depressiva dá sinais, seja numa fala… Ela vai começando a se isolar gradativamente. A ajuda é feita com um profissional. A depressão são problemas que não foram resolvidos no passado. As pessoas nem sabem o porquê estão daquele jeito. Tem toda uma questão histórica. A melhor forma é buscar ajuda psicológica”, explica.

Ao comentar especificamente sobre o suicídio, ela pontua que “não é uma atitude de coragem, mas de desespero. A pessoa quer matar a dor”. E acrescenta: “Sempre tem algo do passado mal resolvido. A pessoa se sente incapaz. Que ela é a causadora de tudo. Que os pais não a amam e vai se isolando, se isolando. Para passar a dor, ela vai e tira a própria vida”, ressalta.

 

Mortes de agricultores em Acrelândia reacendem debate da prevenção ao suicídio
Psicóloga clínica Valcilene Cardozo
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