Esclarecedora a entrevista com o secretário Paulo Wadt, de Produção e Agronegócio do Acre, concedida ao Jornal A GAZETA na última semana. O secretário disse, entre outras coisas, que pretende criar as condições para que o produtor rural possa andar com as próprias pernas. Ele defende que o governo não pode interferir naquilo que os agricultores vão plantar e que isso será um processo natural. Ou seja, seu João planta feijão, logo o vizinho verá que essa produção tem mercado e vai também plantar. As cadeias produtivas vão se estabelecer de modo natural sem interferência dos governos.
Outra ideia do governo é desburocratizar a questão ambiental. Torná-la mais simples. É um ponto positivo. Ideal que o produtor possa ter esse serviço disponibilizado na OCA, uma vez que o lugar é referência para os acreanos. O homem do campo não tem o mesmo tempo que o homem da cidade. É preciso agilizar.
Ainda sobre essa questão ambiental, vale ressaltar que não pode haver é um afrouxamento da legislação. Peguemos Brumadinho como exemplo, quando um técnico ambiental diz: ‘isso vai estourar’, ele fala com propriedade. Tem estudos que comprovam sua tese. É preciso observar o lado econômico, mas também o lado ambiental das coisas.
Outro cuidado que o governo deve ter é na liberação do crédito. Essa liberação precisa acontecer dentro do prazo para que o produtor possa executar o plantio daquela cultura. Havia muita reclamação que o Banco liberava o crédito quando o tempo do plantio já estava exaurido e isso causava um transtorno. Nesse aspecto Paulo Wadt acredita na força da assistência técnica. Será o técnico agrícola que está lá na ponta o responsável por acompanhar esses produtores. Então, para isso, o governo terá que investir, criar meios que permitam que o homem do campo seja assistido. Não é tarefa fácil, tudo envolve recursos.
Pelo que se percebe, o governo tem pensado o todo. Os pequenos agricultores serão contemplados em todos os aspectos e é a grande aposta do governo.
Penso que é uma visão acertada do governador Gladson Cameli acreditar no pequeno produtor. Nesse momento é importante visar o mercado interno. Temos mais de 800 mil habitantes, ou seja, existe um mercado consumidor, como acontece na cadeia produtiva da carne bovina.
Ao se fazer uma análise da fala do secretário, existia dentro da Secretaria uma espécie de ‘escolhidos’ para receber os benefícios. O fato é que o homem do campo e das florestas, porque não assim dizer, espera muito mais de quem tem a caneta na mão. As pessoas precisam sentir a presença do governo, e aqui falo no sentido amplo. A política de abertura de ramais é uma dessas medidas que precisa andar lado a lado com a produção, mesmo se isso for competência das prefeituras.
*José Pinheiro é jornalista formado pela Universidade Federal do Acre
(Ufac) e milita na imprensa acreana desde 2012.