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Governo afasta secretário de Polícia Civil investigado por ligação com facção criminosa

O Governo do Estado anunciou, nesta quarta-feira, 30, por meio de nota, o afastamento do secretário de Polícia Civil do Acre, delegado Rêmulo Diniz. Segundo o governo, Diniz é investigado por ligação com uma facção criminosa. O delegado Getúlio Teixeira assume a pasta.

Conforme a nota, o delegado ficará afastado do cargo “até que as investigações que transcorrem no âmbito da Justiça estadual sejam devidamente esclarecidas”.

O porta-voz do governo, Rogério Wenceslau, confirmou que há um processo em andamento em segredo de Justiça. “O governo decidiu afastá-lo para poder deixar a coisa mais transparente, e até favorecer para que ele se defenda de forma tranquila”, explicou.

 MP/AC nega investigação sobre Rêmulo Diniz

Rêmulo Diniz

De outro lado, o Ministério Público do Acre (MP/AC) negou que o delegado Rêmulo Diniz tenha sido alvo de investigação em processo criminal que apura ligação com facção criminosa.

Em nota, o órgão afirma que o delegado responsável pela investigação não indiciou Diniz em qualquer crime.

No entanto, o MP/AC confirma que existem informações no inquérito que possam caracterizar desvios de conduta ou atos ilícitos envolvendo o delegado. É o que diz trecho da nota enviada à imprensa.

“Informações existentes no inquérito que eventualmente possam caracterizar desvios de conduta ou atos ilícitos envolvendo a autoridade policial em questão foram encaminhadas pelos membros do Ministério Público que autuaram na investigação, no momento de oferecimento da denúncia, à Corregedoria de Polícia Civil e à Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial para fins de apuração”, afirma o texto.

 Crise na Polícia Civil

Delegado Alcino Júnior

Diante da situação, cartas escritas por delegados da Polícia Civil viralizaram nas redes sociais nesta quarta-feira, 30.

O delegado Alcino Júnior revelou, em carta aberta, que o novo Governo do Estado fez uma verdadeira “caça às bruxas” tanto na Secretaria de Polícia Civil, quanto nos demais órgãos. Segundo o delegado, o motivo seria “perseguição”.

“Na PC temos outro forte ingrediente, isto é, a caça tem como alvos os ditos colegas que  têm ou já tiveram algo que desagradam setores da Polícia Militar do Estado do Acre. Esses dois postulados foram os requisitos imprescindíveis, verdadeiro divisor de águas, desde a escolha dos colegas que compuseram a transição até a efetiva composição da atual gestão na PC. Numa classe com cerca de 50 colegas no exercício efetivo da atividade fim, não é incomum que vários colegas tenham passado por alguma função de destaque, ao logo dos quase 20 anos, que o PT ou frente popular ou algo que o valha, estiveram no poder, seja por critério técnico ou político”, disse.

Alcino acusa, ainda, o governador e seu vice de “oportunismo” e de se aproveitar do “momento de poder”. “Para inventar fatos, ocultar verdades, desmerecer avanços e o esforço de colegas que, agindo sim, tecnicamente, e sem fins políticos, colaboraram e deram o sangue para a construção da PC”, acrescentou.

O delegado relata que as novas medidas estão causando uma divisão na Polícia Civil. “A ausência de transparência, nítidas pessoalidades, perseguições, revanchismo e ódio, tem conduzido a PC à divisão, separação, desunião e um verdadeiro estado de perplexidade e “medo” em todos os seguimentos. O grande temor é com o futuro da PC, mesmo a curto prazo”.

Em contrapartida, o delegado Roberth Alencar criticou, também em carta aberta, as declarações do colega de trabalho. Para ele, alguns delegados acabam defendendo apenas interesses próprios em nome da classe.

“Talvez a acomodação de alguns, a vida corrida nas delegacias do interior ou até o sentimento de “mais do mesmo”, motive a não percepção dos fatos. Foram algumas reuniões com políticos de situação e oposição, tentativas de autopromoção, propaganda individual com a coisa pública e, segundo informes, uso indevido de recursos públicos para fins pessoais e até passagens aéreas para viagens pessoais emitidas com dinheiro público. É importante ponderar que apesar das atribuições da polícia judiciária proporcionarem a coleta de provas contra qualquer pessoa, ela pode ser sim, facilmente usada em momentos ideais para quem pensa politicamente”.

Para Alencar, a “caça às bruxas” é uma circunstância usada por profissionais que almejam cargos de chefia na polícia e “não conseguiram, daí buscam desculpas para fundamentar argumentos vazios”, disse.

“Os Intocáveis” – Ainda segundo Alencar, existe um grupo de delegados que se autodenominam “Os Intocáveis”. Os delegados se consideram melhores que os outros, mais competentes, mais inteligentes e mais esforçados, como conta Alencar.

“Na verdade, os ‘Intocáveis’ não respeitam a maioria dos colegas, contudo, clamam a união quando seus interesses são atingidos, inclusive, dias atrás estavam em reunião com o governador atual tentando autorização para serem cedidos ao Ministério da Justiça, passando, portanto, por cima de outros colegas da mesma forma qualificados e quebrando a hierarquia institucional, fato que demonstra a ‘grande’ preocupação com a união e o futuro da Polícia Civil”.

Delegado Roberth Alencar

 

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