Com as fortes chuvas dos últimos dias, as Defesa Civil Estadual e Municipal já elaboram um plano de contingência caso o nível das águas do Rio Acre atinja a cota de alerta, que é de 13,50 metros. O manancial marcou 12,92 m na medição das 15h45 de ontem, 14. Nesse sentido, uma visita técnica ao Parque de Exposições Wildy Viana, em Rio Branco, foi realizada.
O objetivo, segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel James Joyce, é se antecipar para uma possível alagação e elaborar um plano emergencial para atender as famílias que venha a ser atingidas pelas águas. Até o momento, ele citou que não há famílias desabrigadas e explicou que houve registro de inundações no último domingo, 13, por conta das chuvas.
“Teve umas famílias, mas foi por questões das chuvas. O rio mesmo não transbordou ainda. Essas ações são preventivas para deixar tudo organizado para que, no caso de atingir as famílias, elas já tenham um local preparado para recebê-las”, pontua.
Em visita ao Parque de Exposições, a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, determinou a construção de 100 abrigos para atender as famílias que possam ser atingidas pelo Rio Acre. O chefe da Casa Civil do Estado, José Ribamar Trindade, garantiu o fornecimento de água, por meio do Depasa, e o policiamento 24 horas do local, em caso de enchente.
O coordenador James Joyce explica que a retirada das famílias obedece a alguns critérios. O primeiro deles é o desligamento da rede elétrica da região inundada. Após esse processo, as famílias decidem se querem ir para o Parque de Exposições ocuparem os boxes montados pela Defesa Civil Municipal, ou se seguem para casa de parentes.
“Nós fizemos um levantamento e vamos utilizar um galpão. O número de boxes será decidido pela Defesa Civil Municipal. São eles que estão fazendo. As primeiras ações do desastre são do município. O Estado entra quando extrapola a capacidade de atendimento de recursos do município, mas estamos acompanhando e fazendo os levantamentos em conjunto”, ressalta James Joyce.
A subida do Rio Acre pode ser gradual ou repentina: “Provavelmente deve atingir, se continuar chovendo da forma que vem chovendo. Depende muito do volume de chuvas. Pode chover muito e inundar rápido como pode ser gradualmente. As águas vêm da bacia do Riozinho do Rola também, mas fazemos o monitoramento desde a Aldeia dos Patos, que fica nas cabeceiras do Rio Acre, passando por Assis Brasil, Brasileia, Capixaba e Rio Branco”, finaliza.
Segundo a Defesa Civil municipal, nos primeiros 13 dias de janeiro já choveu em Rio Branco quase 90% do esperado para todo o mês. Além disso, os meses de maior intensidade do inverno amazônico são fevereiro e março, ápice das chances de alagação.
Governo cede parque de exposições para prefeitura de Rio Branco
Atento à possibilidade de enchente do Rio Acre, o Governo do Estado já disponibilizou o parque de exposições para a prefeitura da Capital. O local será utilizado para abrigar famílias, em caso de inundação.
Representando o governador Gladson Cameli, que cumpre agenda no interior do Acre, o chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, acompanhado da secretária de Turismo e Pequenos Negócios, Eliane Sinhasique, e do comandante do Corpo de Bombeiros, Cel Carlos Batista, fez a entrega oficial do local, nesta segunda-feira, 14, para a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri.
“Esperamos que nenhuma família fique desabrigada, mas se isso acontecer, a prefeitura de Rio Branco pode contar com todo o apoio necessário por parte do Governo do Estado. Essa foi uma determinação do governador Gladson Cameli”, frisou Trindade.
De imediato, o parque de exposições passará por uma grande limpeza. Segundo Socorro Neri, a construção dos abrigos inicia nesta terça-feira, 15.
Igarapés – A quantidade de chuvas dos últimos dias elevou o nível das águas nos igarapés São Francisco e Batista resultando no desalojamento de algumas famílias. Na tarde de ontem, 14, equipes do Corpo de Bombeiros auxiliaram essas pessoas na retirada dos seus pertences para a casa de familiares.
Visita ao Madeira – Em relação à visita ao Rio Madeira, em trechos da BR-364 que podem ser atingidos pelas águas, foi pontuado que não há risco iminente de alagamento da pista. Com o serviço de elevação da rodovia, essa hipótese ficou mais distante.
“Eu fiz um relatório de visita técnica lá e foi observado que, devido às obras de elevação da pista, agora o cenário é favorável pra nós. Não tem risco de alagamento no momento. O Rio Madeira está subindo 3 centímetros por dia. Um levantamento de altimetria constatou que o nível da lâmina d’água hoje estava aproximadamente mais de 3 metros, no ponto mais crítico, para chegar à rodovia”, tranquiliza.
JOSÉ PINHEIRO