Segurança Pública foi a pauta das eleições do ano passado. E agora chegou a hora de começar a enxergar estas novas medidas propostas pelas novas gestões, não mais como promessas de campanha, e sim como realizações concretas. Estamos em um novo governo, tanto no Estado, quanto no país. Teremos muitas mudanças nas ideologias, nos olhares, nos planejamentos e, principalmente, nas ações da área de Segurança. Algumas serão radicais, outras nem tanto.
Aos olhos leigos, as ações de combate ao crime parecem todas iguais: tem que colocar mais policiais nas ruas; reforçar a inteligência; combater as facções; acabar com superlotação nos presídios; desmanchar a estrutura do crime organizado; proteger as fronteiras; e conter o tráfico de drogas. De fato, tudo isso deve ser feito mesmo. Mas sãos os detalhamentos dos meios de execução, as estratégias para se atingir estes e outros resultados, que mais valem.
É nas estratégias que estão as verdadeiras mudanças de um jeito e do outro na forma de conduzir as políticas de Segurança Pública. Elas que esboçam as novas diretrizes. Na entrevista feita por A GAZETA com o secretário de Segurança Pública, logo ali ao lado, na página 6, é possível ver algumas mudanças de concepções, tais como “prisão qualificada”; “acabar com o namoro das pessoas com o crime”; “responsabilização territorial dos agentes públicos”.
Tudo isso indica novos métodos, que vão sendo fortalecidos ou abandonados conforme os resultados vão aparecendo. Nos 10 primeiros dias, os números foram bons. Comparado com o mesmo período de 2018, houve redução de 66% nos casos de homicídios e de 59,62% nas ocorrências de roubos e furtos, além das notificações de roubos de veículos, que caíram 50%.
“As redes sociais se tornaram a nova delegacia, o novo Ministério Público, a nova Justiça e a nova Imprensa”
Mas um ponto precisa ser observado: para dar certo, a população precisa voltar a confiar no sistema. Vivemos em tempos em que as pessoas estão saturadas de violência, enganações, golpes e crimes bárbaros. A desconfiança se tornou uma defesa. Desconfiança esta que não se restringe aos criminosos. Muitos a estendem, também, aos agentes da lei. O povo parece que deixou de acreditar no sistema, parou de denunciar, por achar que ninguém vai fazer nada.
As redes sociais se tornaram a nova delegacia, o novo Ministério Público, a nova Justiça e a nova Imprensa. É praticamente impossível abrir o Face e não se deparar com alguma queixa, denúncia ou reclamação. O caso do acreano indicado ao BBB 19 é emblemático. Após ter seu nome anunciado pelo programa, as redes sociais foram tomadas por denúncias de supostas agressões dele contra ex-namoradas. Não vou entrar no mérito da questão. Só ressalto que estas mesmas denúncias poderiam ter sido formalizadas, através dos canais certos.
A polícia só pode fazer um combate efetivo contra a criminalidade se contar com o apoio da população. O povo deve dar retaguarda às operações policiais. Só assim superaremos este período negro de facções, de bandidagem, e voltaremos a viver dias de paz e tranquilidade.
Tiago Martinello é jornalista.
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