O presidente da Federação da Agricultura e Agropecuária do Estado (Faeac), Assuero Veronez, comentou a respeito da informação divulgada pela Prefeitura de Rio Branco na última sexta-feira, 1º, a respeito do açaí vendido no Mercado Municipal Elias Mansour. Ele pontuou que vê a notícia com preocupação, tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico. Veronez lamenta não ter havido a tomada de medidas de precaução para a comercialização do produto.
“Eu considero um problema seríssimo de saúde pública e me espanta que tenha sido detectado só agora, com análises que são feitas de seis em seis meses, quando denúncias sobre essa provável contaminação do açaí já foi objeto de matéria de jornal, do Fantástico, do Jornal Nacional, mais especificamente no Pará. Estou vendo com muita preocupação, mas, obviamente, é um problema ligado à questão do extrativismo”, destaca
Assuero Veronez destaca que é necessário que a cadeia produtiva do açaí passe por um processo de capacitação e comercialização do produto, além de uma mais efetiva fiscalização por parte do poder público. “A grande e expressiva maioria é produto do extrativismo e eu não sei como contornar um problema desses. É uma questão que nós temos que passar por um processo de educação com essas pessoas que trabalham e um processo também mais intensivo de análise, de fiscalização das autoridades públicas. Não se trata, portanto, de agricultura, mas sim de extrativismo que atinge muitas pessoas que vivem dessa atividade. Eu considero o açaí, assim como a borracha e a castanha, os três produtos do extrativismo que ganharam mercado, que têm demanda”, disse o presidente da Faeac.
O presidente da Federação da Agricultura teme que haja o enfraquecimento da venda do produto nos próximos dias. “Naturalmente nós vamos ter um problema com os produtores de açaí devido a uma notícia impactante dessa. Nós teremos uma redução de consumo muito acentuada. Isso vai impactar no mercado, vai impactar no preço. As pessoas que vivem dessa atividade vão ter dificuldades”, lamenta.
Regulamentação da venda do produto
O médico infectologista e deputado estadual, Jenilson Leite, comentou a respeito da possível contaminação do açaí comercializado no Mercado Elias Mansour nos meses de novembro e dezembro de 2018 e janeiro de 2019. Ele pontuou que o risco de contaminação existe, mas há muitas variações para que isso ocorra de fato. Ele tranquilizou a população no sentido de que o exame deve ser feito no chamamento público realizado pela Prefeitura, mas sem pânico.
“Há muitas variantes. No açaí em condições normais, o Trypanosoma sobrevive por dois dias. Quando o açaí está congelado, numa temperatura a 4 graus negativos, o material genético dura em torno de seis dias. Se alguém consumiu esse açaí, não significa necessariamente que contraiu a doença. E se o material genético já não estava viável? É uma possibilidade. Tem que ir fazer o exame, porque a gente não pode vacilar. Mas, também, não precisa desse pavor todo”, pontua.
Na Assembleia Legislativa do Acre, o parlamentar sempre defendeu a regulamentação do produto para comercialização. “Há muitos lugares de Feijó, Rio Branco que têm açaí certificado. Qualquer alimento mal elaborado causa doenças”, acrescenta Jenilson Leite.