A Segurança Pública do Acre, em especial a Polícia Civil, nos últimos dias vive uma intensa crise institucional com cartas abertas de delegados, informações de possíveis crimes cometidos no âmbito do exercício do cargo, entre outros. Como se não bastasse tudo isso, a crise tem alcançado outras ramificações, como a segurança nos presídios.
De acordo com o líder sindical e agente penitenciário do Acre, José Janes Gomes, o número de agentes nos presídios é insuficiente para o quantitativo de presos. Para agravar ainda mais a crise, ele acusa a direção do Iapen por cooptar representantes dos agentes penitenciários para ocupar cargos na instituição, o que tem enfraquecido a categoria.
“Na verdade, o que está muito complicado é que 90% dos caras estão com cargos lá dentro [Iapen]. Então, estão sem representatividade e as perseguições são enormes. Um exemplo bem claro são as pessoas que estão doentes. Teve cara [agentes] que estava na clínica de recuperação doente, com problemas com drogas. Sabe o que aconteceu com eles? Os caras [Iapen] pegaram eles [agente] de volta e colocaram no ‘Chapão’, que é um pavilhão que tem mais ou menos 1.500 presos. Lá é droga direto. Então, pra ter uma recaída é rapidinho. Não adiantou nada ele estar um ano na clínica de recuperação e voltar para aquele ambiente pesado. O sindicato antes batia, batia pedindo concurso. Hoje, o governo pegou e cooptou quase todos eles. Não tem mais ninguém pela classe”, lembrou o sindicalista.
Ao comentar sobre as fugas ocorridas nos últimos dias, ele explica que o caso acontece, especificamente, na Unidade F, porque o forro da unidade ainda é em madeira, o que facilita a abertura de “buracos” para a saída dos reeducandos. A Unidade F tem em média 250 apenados.
“As fugas são na ‘Unidade F’. Essa unidade que tem os presos do Comando Vermelho. Ali era o antigo presídio feminino, no fundo da penitenciária. Esse pavilhão é tão arcaico que o forro é lambri (madeira). Hoje lá tem quase 250 presos, entendeu? O cara não vai embora se não quiser e o agente tem que passar a noite todinha. O déficit de agentes é sem condições, os caras estão adoecendo, está todo mundo aperreado. Não está bom”, comenta.
De acordo com José Janes, as melhores unidades são a feminina e a de Senador Guiomard. “Mas, o resto na Capital está todo ruim. Não temos servidores. Está muito complicado. Daqui uns dias os caras espocam lá”, finaliza.
Em Brasília
O presidente do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen), Lucas Gomes, cumpriu agenda em Brasília durante o dia de ontem, 31. Na pauta, a viabilização de recursos para o sistema prisional, serviço de inteligência, capacitação de servidores, ampliação de convênio. “A crise da segurança que herdamos não pode servir como desculpas, mas como desafios. Voltamos com boas notícias para o Estado e para o sistema penitenciário. Em tempos de crise, não nos faltará criatividade. Os ventos estão mudando. Vamos içar as nossas velas”, pontuou Gomes.