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Manifestantes lotam a frente da Energisa contra aumento na tarifa de luz

Centenas de pessoas lotaram, nesta quarta-feira, 27, a frente da empresa Energisa que, em 2018, comprou a Eletrobras Acre. Os manifestantes protestaram contra o aumento de mais de 21% na tarifa de luz, em Rio Branco.

A Justiça Federal no Acre chegou a conceder uma liminar, a pedido da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública Estadual, impedindo o reajuste. Contudo, a liminar foi derrubada pelo TRF 1. Um novo recurso tem sido elaborado pela DPU e DPE para derrubar a decisão.

Inconformados, diversos manifestantes levaram cartazes com frases que, apesar de serem criativas, retratam a realidade de quem viu a conta de energia aumentar de forma exorbitante.

“Com esse reajuste vou voltar pra lamparina pra comprar margarina”, “Luz só divina, porque a da Energisa não tenho mais condições de pagar”, e “Não aceitamos pagar mais caro, já que a Energisa comprou a Eletrobras a preço de Black Friday”, foram algumas das  frases utilizadas para protestar contra o aumento.

O aposentado Raimundo Alves da Silva, de 65 anos, fala da sua indignação ao ver sua conta de luz passar de R$ 171 para R$ 238 em apenas um mês.

“Estou tendo que tirar dinheiro da minha alimentação e dos meus remédios para pagar conta de luz. Só de remédio eu gasto uma faixa de R$ 300 por mês. Moro no Taquari há 30 anos, e essa é a primeira vez que vejo aumentar desse jeito. Geralmente aumenta R$ 10. Isso não é roubo, é um assalto no bolso do pobre. Eu não posso pagar esse tanto de energia.”

 

Sindicalistas

Segundo o presidente do Sindicato dos Urbanísticos do Acre, Marcelo Jucá, o ex-senador e atual governador Gladson Cameli (PP) foi essencial no processo de venda da Eletrobras Acre, ao ser o único membro do Estado no Senado a votar a favor da venda da estatal.

“Tanto o governador quanto o atual presidente Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal, votaram a favor da privatização. Nós procuramos toda a classe política do Acre, a associação da Prefeitura ignorou, assim como a maioria dos deputados estaduais e vereadores. Os empresários batiam no peito e diziam que a privatização tinha que acontecer porque teríamos um serviço muito melhor e uma energia mais barata”, apontou.

Jucá alerta ainda que está em processo a privatização do serviço de saneamento básico. “Vai ser outro prejuízo. Infelizmente vai para o mesmo caminho que foi a parte de energia. Nós estamos com um problema seríssimo, acredito que eles vão entregar praticamente de graça. Nós vamos ter que lutar e resistir”, lamentou.

Energisa

Em nota, a diretoria da distribuidora informou que se reuniu, nesta quarta-feira, 27, com dois parlamentares e representantes de movimentos sociais para esclarecer dúvidas relacionadas ao reajuste tarifário.

Na oportunidade, foi apresentado o plano de investimento de R$ 228 milhões previstos para 2019.

Sobre as reclamações e o protesto, a empresa diz que entende e respeita os questionamentos da população, uma vez que o modelo regulatório brasileiro não é de fácil entendimento.

“A distribuição de energia elétrica é uma concessão federal e que, portanto, a empresa segue rigorosamente todas as determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão federal que regulamenta o setor para garantir que governos, estados, empresas e clientes tenham seus direitos e deveres cumpridos e respeitados.”

Ainda na nota, a empresa reforça que a tarifa de energia elétrica e seus reajustes anuais são determinados pela Aneel a partir da análise de custos de transmissão, distribuição e encargos do setor elétrico e impostos federais, estaduais e municipais.

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