6h, 6h05, 6h10, 6h15, 6h20, 6h25. Ainda que o objetivo seja levantar às 6h30, não é incomum ver a programação do despertador anteceder o horário previsto. Acordar para saber que ainda se pode dormir mais um pouquinho. Menos raro ainda são os novos números que surgem acompanhados de um milhão de “Se abrir mão da minha caminhada dá tempo”, “Só se eu não lavar o cabelo”, “E se eu não tomar café”… De 5 em 5 minutos um sono ruim, cortado que obedece a todo tipo de rodeio. Já às 7 da manhã, está dada a certeza de que boicotar-se é mais fácil do que parece.
O despertador se presta a ótimas metáforas. Aqui estão ilustradas as minhas favoritas:
1. “Ainda bem que falta meia hora” = A delícia de saber que se pode mais
Loucura. O deleite de um segundo. O que nos faz optar pelo prazer mínimo em detrimento da manutenção do grande prazer (do sono)? Contentar-se com pequenos sopros de 5 minutos, e levar para casa 5 decepções do toque do telefone. É a cultura do agrado. “Estou me agradando, para isso sei que sofro, mas é que é tão bonzinho…”. Sei…
2. “Só mais um pouquinho” = Abrir mão do que se quer (fácil e rapidamente)
Loucura. Dá até pra confundir com flexibilidade, mas tem certeza de que se trata disso? Um bom jeito de testar é trocar o compromisso estabelecido com você por um compromisso com uma outra pessoa. É uma reunião no trabalho, você vai faltar para acordar meia horinha depois? Se sim, flexibilidade. Se parece mais difícil do que faltar às reuniões com a sua caminhada, seu cabelo ou seu café da manhã… Sei…
Para as duas, tenho também duas perguntas:
1. Estamos nos dando o tempo de que precisamos? Estamos esperando nosso tempo de estar prontos? De quantas horas de sono você precisa? 6, 7, 8 horas? Pois durma 6, 7, 8 horas. É isso, sem mistério. Deite mais cedo, se organize. E leve essa reflexão para outros lugares da vida também. Há o tempo de um aprender um fazer, de mergulhar em um relacionamento, de melhorar de um mal estar, de curar uma doença, de fazer uma refeição, de viver um dissabor, um luto, um amor. De quanto tempo você precisa? Pois se dê esse tempo. Ponto.
2. Estamos olhando – de verdade – para o nosso desejo? Quais são os planos para às 7h de hoje? E para amanhã, semana que vem, mês que vem e depois? Que tal trocar o que eu queria querer pelo que eu quero de verdade? Pelo que me faz sair da cama de verdade? Que tal?
Tudo isso dito por alguém que esqueceu de carregar o celular e saiu de casa sem caminhada e sem café. O cabelo eu lavei, juro! Boa semana queridos e vamos despertar!
* Roberta D’Albuquerque é psicanalista, autora de Quem manda aqui sou eu – Verdades inconfessàveis sobre a maternidade e criadora do portal A Verdade é Que…
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