“Assim como jamais se param as engrenagens da política, da mesma infinitude deve gozar o jogo da democracia!”
Foi bonito de se ver os deputados estaduais retomando os trabalhos legislativos, para mais uma Legislatura, a 15ª da história da Aleac, em plena sexta-feira. Critica-se muito o fato de os parlamentares terem sessão só de terça a quinta na semana, enquanto todas as demais profissões estão na labuta de segunda a sábado. Mas a verdade é que os demais dias são para eles lidarem com as demandas políticas, articulações e se afiarem para os debates da semana.
De fato, a política é um jogo que não acaba. Uma roda que nunca para de girar!
E isso ficou mais do que claro na primeira sessão da Assembleia Legislativa. Todos os holofotes do retorno dos deputados à Aleac estavam voltados para a eleição da Mesa Diretora, em como se tentou mais não se obteve 100% do consenso na chapa Nicolau Junior – Luiz Gonzaga, como os deputados do MDB foram rebeldes ao votarem nulo, em como a oposição tinha conseguido cargos na Mesa… e por aí foi. Só se falou nisso. Gerou-se uma superexposição nesta eleição.
Nada contra. Esta é uma decisão importante em termos de organização dos trabalhos parlamentares, e que vai perdurar pelos próximos dois anos. O problema é só que não deu para ir além. Não deu pra ver mais do que isso. Pouco, ou quase nada, se falou sobre o porvir.
O Acre passa por um momento delicado, com nova gestão à frente do Governo do Estado. Só neste primeiro mês de governo Gladson, inúmeras demandas já surgiram, desde as mais simples, como as nomeações, a despetização e os primeiros atos da equipe de secretariado, até mais extremas, como parcelamento de salários pendentes, afastamento do primeiro secretário, crise na Polícia Civil e a hipótese de se decretar estado de calamidade financeira.
Em síntese, o Acre está um rebuliço. Prato cheio para a política. Mas, praticamente, nada disso foi tratado nesta primeira sessão da Aleac. Ficou uma primeira impressão oca, de vazio.
É de se esperar que nesta semana volte o debate com mais conteúdo por parte dos deputados estaduais. Assuntos políticos podem e devem ser tratado no seu devido espaço de bastidores. Mas os grandes temas para o Acre não esperam. Estão aí, batendo à nossa porta, e precisam daquele notório expertise político-parlamentar, opinando, cobrando, fiscalizando, articulando, defendendo e atacando. Assim como jamais se param as engrenagens da política, da mesma infinitude deve gozar o jogo da democracia. E, neste, o Parlamento é vital.
* Tiago Martinello é jornalista.
E-mail: sdmartinello@gmail.com