Desde que nos compreendemos ‘gente’ questionamos a existência de outros seres nos mais diversos planetas espalhados pela imensidão das galáxias. Quanto a isso ainda não podemos trocar ideias, talvez porque precisemos entender primeiro o que nos cerca, respeitar primeiro o que convive conosco, olhar nos olhos primeiro dos nossos pares.
Aqui, na Terra, tão azul, às vezes não mais tanto assim, convivem com o homem mais de 8,7 milhões de outros seres vivos, ou seja, não estamos sozinhos, não chegamos primeiro, não somos independentes e autossuficientes, mas vivemos como se fôssemos e sem perceber que a maior função de todas as demais espécies vivas é contribuir com o bem-estar do ser humano. E essa não é uma conversa sobre Biologia, essa é uma conversa sobre respeito!
Infelizmente temos vividos dias tão sombrios no Brasil que não é possível conferir em pequenos gestos sentimentos de benevolência, empatia, piedade ou deferência. Cada um de nós vive em um mundo limitado a suas próprias convicções e as diferenças ligam o botão irascível da intolerância. Tudo isso é tão assustador que palavras como compartilhar, tolerância, respeito, amizade e gentileza viraram campo semântico das escolas de Educação Básica, como se amor, educação e respeito não se originassem no lar.
Além disso, há um repúdio coletivo a tudo que se apresenta como diferente daquilo que se é, seja a religião, a cor da pele, a sexualidade, a condição social, o peso corporal, tudo isso ou, com perdão pela liberdade em dizer, nada disso, é motivo para acessos de xingamentos, mortes, violências, críticas, humilhações, todas elas expondo a face mais vil e quem sabe, verdadeira, dos que se julgam superiores por serem mais magros, mais ricos, mais brancos, mais… Mas… aos olhos de quem?
Assim, em toda a história dessa humanidade que conhecemos e que hoje, nem sabemos mais se merece ainda esse título, sempre houve gays, negros, pobres, gordos e ateus, mas nunca nenhuma guerra em nome destas bandeiras. E por aqui, se nos resta ainda um pouco de humanidade, vamos pensar que somos apenas o que o outro não é. Isso não muda nada em nó. Nós só precisamos, temos obrigação de respeitar o outro, quem sabe assim sejamos, de fato, humanos.
* Nayra Claudinne Guedes Menezes Colombo é professora, servidora pública, mestre em Letras.
E-mail: nayracolombo@hotmail.com