“Eu nunca fui acusado, nunca fui ouvido, intimidado, notificado ou sido colocado como parte nem de procedimento de correição”. A afirmação é do delegado Rêmulo Diniz, afastado do cargo de secretário de Polícia Civil após a mídia divulgar que ele tinha ligação com uma facção criminosa.
Durante coletiva nesta quinta-feira, 31, Diniz negou as acusações e disse ter sido vítima de uma armação para tirá-lo do cargo.
“Aconteceu uma ação deliberada com a intenção de tentar, no início, impedir que eu assumisse a Secretaria de Estado de Polícia Civil. E depois, com isso, me derrubar do posto uma vez que há intenções escusas”, disse.
O delegado afirma que seu nome não foi citado no inquérito policial que investiga uma facção criminosa. Ele também garantiu que sua relação com o tenente Farias, preso na Operação Sicário, era apenas profissional.
“O inquérito policial foi concluído com todas as provas, que vinham sendo analisadas de maio até o dia 28 de novembro, e meu nome nunca foi citado em nada. No dia 17 de dezembro, quando eu já era indicado secretário de Polícia Civil, foi juntado um pedido de compartilhamento de provas. Nesse pedido não foi juntado qualquer prova de ligação minha com membros de facções criminosas ou ligações minhas com o tenente Farias. Nunca tive ligação com faccionado, não atuo nem com informantes. Todos os fatos serão apurados”, garantiu.
Ainda segundo o delegado, os áudios dele conversando com Farias foram usados de forma criminosa, já que teriam, segundo Diniz, sido cortados.
“Todos os fatos levados aos autos queriam me vincular ao tenente Farias, jamais a faccionados. E eu tenho um trato profissional com o tenente Farias. Todos os áudios foram pinçados, uma vez que em conversas de mais de 40 minutos foram pinçadas pequenas palavras, jargões vocálicos que eu utilizo desde a minha infância. Foram utilizados de forma criminosa”, frisou.
Afastamento do cargo
Ao contrário do que foi veiculado em diversos meios de comunicação, o delegado explica que pediu o afastamento. Diniz acrescenta ainda que solicitou que as investigações sejam feitas pela Polícia Federal.
Para Diniz, o fato de alguns policiais procurarem o novo secretário um dia depois do seu afastamento para pedir o cancelamento de transferências prova a intenção de tirá-lo do cargo.
“Me coloco à disposição da Justiça. Meu telefone não mudará, meu endereço é fixo, todos conhecem. Pra vocês terem uma ideia, eu fui afastado [30] ontem e a publicação saiu hoje [31], mas alguns policiais comparecerem para que fossem desfeitas as minhas ordens de transferências e lotados. Isso demonstra que tudo corre com um único interesse.”
O delegado afirmou ainda não ter medo de ser investigado. “Quando analisei os autos, depois de percorrer todas as instâncias da justiça criminal, constatei que inexiste qualquer inquérito policial ou procedimento administrativo disciplinar, denúncia, ação penal, em que eu figure como parte”.
Direito de resposta
Após ter o nome divulgado em vários sites locais e nacionais afirmando que ele teria ligação com facções criminosas, Diniz afirmou que vai acionar a Justiça para pedir direito de resposta.
“Farei as tratativas judiciais para espaço de resposta nos meios de comunicação, sites, blogs e demais jornais. Lógico, tomarei a cautela de aguardar todas as conclusões”, relatou.
Retorno ao cargo de secretário
Questionado sobre a possibilidade de voltar ao cargo de secretário de Polícia Civil, Diniz disse se “sentir totalmente confortável” para retornar. Porém, ele frisa que somente após o final das investigações.
“O afastamento foi pedido por mim, acolhido pelo governador e vice-governador. Foi uma forma que eu tinha de demonstrar que estou à disposição e que não quero vincular qualquer tipo de acusação à gestão atual. Estou à disposição disso, esperarei todas as decisões, todas as análises. Minha conduta continua firme e forte.”
Quanto ao vazamento de informações, o delegado afirma que o fato atrapalha o trabalho de investigação em geral.
“O fato dessas notícias não abalam somente as instituições, mas colocam em xeque todo o trabalho de investigação, todos os inquéritos a que fui vinculado e todas as ações que livraram do convívio social pessoas perigosas, como homicidas, traficantes. Se minha conduta fosse vinculada a qualquer facção, eu não prenderia [criminosos] de todas as facções. Eu não tenho medo do enfrentamento com a criminalidade porque trabalho para a Justiça. A minha família é composta de polícia e isso abalou todos, mas a verdade prevalecerá.”