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Chuvas intensas, Ruas do Povo e ‘valas’ do Depasa formam o cenário da capital dos acreanos

Onde se anda em Rio Branco são vistos buracos. Nas redes sociais, fotos com bananeiras e palmeiras dentro dos buracos das ruas de Rio Branco são postadas e compartilhadas como forma de protesto. O cenário não é animador. Para agravar o roteiro desse filme, o inverno rigoroso castiga a cidade.

Nesse sentido e em busca de respostas, A Gazeta conversou com o diretor operacional da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), Humberto Haddad. Na pauta, o grave problema enfrentado pelos rio-branquenses: buracos. Ele ressalta que as vias pavimentadas pelo Programa Ruas do Povo ampliaram a malha viária da cidade e a falta de qualidade dos serviços tem prejudicado a Prefeitura de Rio Branco. Outro ponto, são as chamadas ‘valas’ escavadas pelo Depasa para instalar rede de água e esgoto. Em muitos trechos o solo cedeu, prejudicando o tráfego.

 

Foto/ Rodrigo Neri-Arquivo pessoal

A GAZETA – Quais as frentes de trabalho desenvolvidas pela Emurb no momento?

Humberto Haddad – O inverno esse ano está sendo muito rigoroso com a gente e nós estamos com cinco frentes de serviços na parte de pavimentação asfáltica e outros na parte de drenagem. Na parte de pavimentação estamos resolvendo problemas ali na Getúlio Vargas, próximo ao Juventus, no cruzamento da Getúlio Vargas com a rua João 23. Estamos na Floriano Peixoto, na Rua Rio Grande do Sul e na rua Pernambuco e no corredor de ônibus do Vanderlei Dantas. No Segundo Distrito estamos no Santa Inês, no Bom Jesus – Vila Acre e na Sobral estamos na rua São Salvador e Mem de Sá com pavimentação asfáltica.

Concluindo o serviço de drenagem ali da Lua Azul, que era um ponto crítico da cidade, onde qualquer chuva alagava. Já tivemos chuvas torrenciais e não alagou mais naquele ponto. Estamos com outra obra de drenagem na Rua Turiba, na Sobral. Fazendo a drenagem na rua toda e fazendo os ‘BLs’ para coletar as águas pluviais.

A GAZETA – Quantas equipes atuam?

Haddad – Temos 10 equipes trabalhando entre drenagem e pavimentação asfáltica e terraplanagem. Envolve cerca de quase 200 funcionários.

A GAZETA – Qual o volume de recursos que a Emurb tem hoje para tocar todas as frentes de serviço na capital?

Haddad – Os recursos são escassos. Estamos trabalhando com poucos recursos. Eu não tenho essa informação exata, mas no ano passado a gente tinha pouco mais de R$ 7 milhões para trabalhar e atingimos o nosso objetivo, até mais daquilo que estava previsto que era 72 ruas para fazermos o tapa-buracos e atingimos os mais que essa quantidade de ruas.

A GAZETA – O que levou Rio Branco ser conhecida atualmente como a capital dos buracos? O que levou a esse quadro crítico?

Haddad – Rio Branco tem sido castigada com chuvas constantes. Esse mês, por exemplo, choveu todos os dias. E o inverno chegou um pouco mais cedo. A partir de novembro começaram as chuvas que vinham no final de dezembro. O nosso pavimento é frágil, o nosso solo é um solo novo, então, não tem pedra. É uma tabatinga. Qualquer chuva e qualquer buraco que tenha, com as chuvas, ele vai ampliando e formando aquelas crateras. Na medida do possível a gente vai tentando recuperar essa base para depois colocar a pavimentação asfáltica.

A GAZETA – O Programa Ruas do Povo foi um programa importante de infraestrutura, no entanto, em muitos casos as obras não foram bem finalizadas. Isso dificultou o trabalho da Prefeitura, esse aumento da malha viária?

Haddad – Esse tipo de trabalho que o Ruas do Povo fez foi com tratamento, o asfalto frio como eles chamam. E tem trazido muitos problemas para a Prefeitura porque ele desagrega muito fácil, principalmente em ladeira. E, a Prefeitura não está com essa estrutura para atender essa quantidade de ruas que foram feitas com tratamento. E a maioria dos buracos é nesse tipo de rua. Além disso, temos o problema das redes de esgoto que estão sendo implantadas pelo Depasa que abriram várias ‘valas’ e estas estão com recalque, afundaram. Estamos solicitando que o Depasa exija das firmas que fizeram a reconstrução do pavimento para não ficar esse ônus para a Prefeitura.

A GAZETA – Os indícios de corrupção na Emurb em administrações anteriores enfraqueceram a empresa?

Haddad – Eu não quero falar do ‘pra trás’, eu vou falar daqui para frente. O ‘pra trás’ se houve corrupção não cabe a nós julgar. Isso aí é a Justiça que julga. O que cabe pra gente é daqui pra frente. Estamos tentando fazer com poucos recursos a ampliação dos nossos trabalhos.

A GAZETA – O que o senhor, como diretor operacional da Emurb, tem a dizer aos rio-branquenses?

Haddad – Que tenham um pouco de paciência, porque para fazer um trabalho de tapa-buracos temos que recompor o pavimento. Muitos dizem que estamos colocando barro nos buracos, aquilo ali não é barro, é um material nobre que vem de longe, caríssimo, é um solo laterítico, que chamamos de piçarra. Serve para recompor a base do pavimento para depois colocarmos o asfalto. O asfalto não tem função estrutural. A função do asfalto é dar comodidade para quem está trafegando na via. Você pode colocar meio metro de asfalto que ele vai estourar se ele não tiver base.

Humberto Haddad (FOTO/JORNAL A GAZETA)
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