Após a Secretaria Municipal de Saúde constatar a venda de açaí contaminado do Mercado Elias Mansour de Rio Branco, muitas pessoas ficaram receosas e preocupadas de consumir o produto.
Desde então, a venda de açaí caiu mais de 90% na capital acreana. Um chamamento público para que os consumidores do produto fizessem exame de diagnóstico da doença de chagas atraiu centenas de pessoas para o laboratório de saúde do Estado, o Lacen. Mas até o momento não foi divulgado se há pessoas infectadas pela doença.
O fato é que muitas pessoas ainda têm dúvida em relação aos cuidados que devem ser tomados na hora de comprar e consumir o açaí tanto in natura, quanto processado.
A infectologista Cirley Lobato fala do risco de consumir o vinho da fruta sem antes conhecer a procedência do produto.
“Se você está fazendo uso desses alimentos e sabe que onde você compra, se tem todos os cuidados de higiene que são preconizados pelo Ministério da Saúde, o risco diminui. O simples fato de você residir na Amazônia já é um risco, porque existe o vetor que é o barbeiro. Mas o risco maior é quando você ingere alimentos que não têm um bom preparo”.
A recomendação é verificar se o estabelecimento que vende açaí possui alvará da Vigilância Sanitária.
“O ideal é comprar em locais que tenham o selo da Vigilância Sanitária, porque eles passam quase todo mês e visitam todos esses locais onde é processado o açaí. Se está liberado, é porque tem boa condição de higiene, e você não precisa se preocupar”, afirmou.
Ao comprar o açaí direto do fornecedor, o cliente deve ficar atento às condições de higiene do local e a forma de preparo do produto.
“Sempre observar na hora de comprar, como está sendo preparado, como está sendo conservado. Verificar as condições de higiene dos manipuladores, se usam luvas ou não, se estão usando jaleco ou não. Verificar o local da venda se é limpo, se é um local arejado. A preocupação maior que é preciso estar atento é no momento de preparo”.
Doença de Chagas – A doença é causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, conhecido como barbeiro. A doença é transmitida através das fezes do inseto e possui dois estágios: agudo e crônico.
A infectologista explica que no estágio agudo os sintomas podem aparecer entre 20 e 22 dias após a contaminação. Já em casos crônicos, a manifestação clínica pode demorar anos para ocorrer.
“Os sintomas em estágio agudo são febre, mal-estar, náuseas, vômitos, diarreia. Alguns pacientes não vão apresentar fase aguda, vão apresentar sintomas 20 ou 40 anos depois da contaminação. A pessoa nem lembra mais e começa a apresentar problema de coração, esôfago”, disse a especialista, ressaltando a importância de as pessoas que podem ter consumido açaí contaminado fazer o exame de diagnóstico da doença de Chagas.