Mesmo com a aproximação entre Acre e Rondônia alavancada pelo governo Gladson Cameli (Progressistas) com a assinatura de um Protocolo de Intenções para fomentar o desenvolvimento do agronegócio, pecuaristas do Acre não estão otimistas. Isso porque é preciso fazer muito mais, o Acre não obteve ainda a certificação de “livre de vacinação contra a Aftosa”.
Nesse sentido, o pecuarista Washington Jorge Neto disse que o Acre não pode ficar com status no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) inferior à Rondônia. Isso implicaria na exportação do principal produto do Acre, a carne bovina e a venda de animais em pé, ou seja, vivos.
“Rondônia está com o processo adiantado e se nós ficarmos confinados entre Bolívia e Rondônia com livre de aftosa com vacinação a gente fica preso. Não pode sair boi em pé, não pode sair bezerro. Vai complicar o nosso mercado. Só temos duas plantas frigoríficas. Então, em hipótese alguma, a gente pode ficar com status inferior à Rondônia. Temos que andar juntos. Somos final de linha, por isso que se começa do final de linha para o começo. O Acre está longe do centro consumidor”, disse o pecuarista.
Washington Jorge Neto acrescentou que o Acre tem as condições necessárias para fazer a regulamentação junto ao MAPA, mas para isso é necessário o apoio do governo. “E temos tudo para acompanhar. Tem vários quesitos que precisam ser cumpridos. A gente cumprindo não tem porque não acompanhar porque a gente está livre de aftosa sem vacinação no mesmo período de Rondônia. É só preencher os quesitos que o MAPA pede”, destaca.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac), Assuero Veronez, falou a respeito do assunto. Ele pontuou que o pensamento de Jorge Neto é também o da Federação que vem trabalhando no apoio aos produtores, mas precisa esse olhar do governo do Acre para que eleve o Acre à categoria de livre de vacinação contra a aftosa.
“Estamos muito preocupados. É uma questão vital para a pecuária do Acre. Não se tornar zona livre sem vacinação significa a perda de 75% do nosso mercado porque não poderemos enviar carne para outros estados. O mercado local é 25%. Seria um desastre incalculável, com consequências gigantescas para nossa economia”, diz Veronez.
O presidente da Faec disse, ainda, que a pecuária é a maior riqueza econômica do Acre. Ele pontuou que é uma cadeia produtiva consolidada, mas que as medidas que reforçam essa cadeia não forem adotadas, o Acre pode sofrer um colapso econômico.
“O nosso patrimônio pecuário, só os três milhões de cabeças de bovinos que nós temos são avaliados em torno de R$ 4,5 bilhões fora o resto, tudo que envolve a cadeia da pecuária bovina, os empregos em frigoríficos, que imediatamente parariam de abater porque não teriam como escoar a produção deles para outros estados. Nós ficaríamos somente com o mercado local e seria um desastre. Não teria pra quem vender boi. Os pequenos produtores não teriam para quem vender bezerros, o transporte de gado quase que acabaria. As lojas comerciais que fazem um grande movimento no comércio todas iriam quebrar. Consequências para todos os lados”, alerta Assuero Veronez.
Na próxima quarta-feira, 13, pecuaristas, a Faeac, e a equipe do Idaf devem ser reunir com o governador Gladson Cameli para tratar a respeito da questão. “Não podemos nem imaginar a possibilidade disso acontecer. Por isso o governo tem que entender que a questão da zona livre de aftosa sem vacinação é uma questão crucial. É uma questão prioritária. Nós temos que atender essas exigências do MAPA que não vão ser felixibilizadas. Ela tem que ser atendidas com um cronograma já estabelecido”, comentou Assuero Veronez.