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Sinhasique fala dos desafios da gestão e como alavancar o Turismo no Acre

A secretária Estadual de Empreendedorismo e Turismo, Eliane Sinhasique, disse que o principal desafio de sua gestão frente à pasta é conscientizar a população e os empresários quanto ao potencial turístico que o Acre tem.

Entre os assuntos abordados, por Sinhasique na entrevista concedida A Gazeta, estão, além dos entraves burocráticos da administração pública, a exploração de unidades de conservação para o Turismo e o Carnaval 2019, o ‘FelizCidade’, que acontece na Avenida Brasil, Centro, com início dia 1° de março, a partir das 22 horas.

 

A GAZETA- Secretaria, como a senhora encontrou a Secretaria de Pequenos Negócios e Turismo que agora compõem uma única pasta?

Eliane Sinhasique – Eu encontrei a secretaria com várias prestações de contas em andamento de convênios antigos, com vários carros danificados, sem combustíveis, com quase 400 mil de débitos para serviços terceirizados, devendo aluguel de computadores, pessoal terceirizados, material de consumo. Enfim, foi esse o quadro inicial que nós pegamos.

 

A GAZETA- Qual o principal foco da Secretaria nesse primeiro momento?

Sinhasique – O principal foco é trabalhar a conscientização da população e dos empreendedores para uma grande oportunidade de mercado que é o Turismo. Quando a gente fala em Turismo, a gente fala em empreendedorismo. Se a gente atrai pessoas para o nosso Estado para os nossos municípios, atraímos consumidores. Quando nós atraímos consumidores e conseguimos tratar bem esse turista e falar bem do Acre, ofertar para ele oportunidades de lazer, de diversão, de conhecimento histórico, espaços de memória, a gente está enriquecendo esse turista para ele falar bem do Acre e ser um divulgador natural e gratuito daquilo que a gente pode ofertar para eles. Isso gera riquezas, isso gera renda e faz com que dinheiro de fora venha para dentro do Estado.

 

A GAZETA- A senhora recentemente fez um desabafo falando e pouca estrutura para trabalhar. Como tem sido gerenciar a pasta com pouco recurso e recurso humanos?

 Sinhasique – Não é fácil trabalhar com pouca gente diante de uma missão que é tão grandiosa, porque ao mesmo tempo em que eu preciso fomentar o Turismo, eu preciso capacitar os empreendedores para empreenderem e ganharem dinheiro com o turismo e também de outras formas. Precisamos capacitar às pessoas para todo tipo de atividade possível. Precisamos capacitar do jardineiro ao eletricista, do salgadeiro à pessoa que faz costura. É a solução para isso tem sido buscarmos parcerias com diversos setores e entidades organizadas como o Sebrae, Senac para podermos trabalhar ao mesmo tempo em que nós temos os eventos. Nós temos que organizar os eventos, porque eventos mobilizam pessoas, mobilizando pessoas gera um ciclo virtuoso de favorecimento à economia. Temos que cuidar da conscientização dos próprios prefeitos para identificar nos seus municípios espaços de cultura e espaços que podem ser ofertados como pontos turísticos para também levar gente para os municípios. Se esse prefeito tem um banho legal no município dele. É preciso também cm que o povo enxergue essas potencialidades dentro dos municípios. A nossa secretaria é muito abrangente, desde fazer as instâncias de governança de turismo nas regionais do Estado que precisam ser credenciadas no ministério do Turismo aos Conselhos de Turismo Municipal, que são instituições que precisam estar legalizadas, cadastradas para que os municípios possam ter acesso a recursos do Ministério do Turismo. Então são etapas burocráticas que precisam ser vencidas para que possamos credenciar os municípios para que eles possam ter acesso a futuros recursos para revitalização de espaços de memória, ampliação de espaços de memórias, acesso a espaço de lazer.

 

A GAZETA- Recentemente, a senhora defendeu a compra de produtos por parte do governo e das prefeituras de pequenas empresas. Por que a preocupação?

Sinhasique – Estamos conversando porque existe entendimento jurídico a respeito das leis que regem as licitações. Temos a lei n° 8.666 e temos a lei n° 123, a lei geral da microempresa. Então, a lei 8.666 ela beneficia as empresas grandes porque ela diz que a licitação tem que ser aberta para todas as empresas participarem. E a lei 123 ela diz que é preciso fazer licitações de forma a beneficiar as empresas locais para que não haja evasão de recursos do município para outros municípios ou para outros estados. Há um conflito na interpretação das leis. Então precisamos chegar a um denominador comum de forma que o prefeito que adote a lei n° 123 para poder deixar mais recursos para as empresas locais no seu município ele não incorra em improbidade administrativa. Dependendo do técnico que vai dá o aval, ele pode impedir que a licitação seja direcionada para beneficiar as empresas locais. Temos que ter esse entendimento muito claro para não prejudicar o gestor e as compras públicas. A nossa preocupação é para que o dinheiro do Acre não saia do Acre, fique para as empresas acreanas, que operam no Estado do Acre e que elas sejam fortalecidas. Com isso a gente poderia ampliar o leque de oferta de trabalho.

 

A GAZETA- O Acre tem um potencial ambiental grande. Como fomentar esse uso das unidades de conservação, as terras indígenas?

Sinhasique – As reservas florestais, ecológicas elas são fantásticas, o problema que mais enfrentamos hoje não é nem explorar essa reserva, mas ter um preço de passagem aérea que proporcione ao próprio brasileiro visitar o Acre e conhece-lo. Nós temos uma floresta exuberante, temos uma fauna exuberante, um folclore maravilhoso que precisa ser experimentado, ser olhado pelos próprios brasileiros e não é só o acesso a essas reservas que impede que elas sejam utilizadas para o turismo de experiências ou o turismo cientifico, o que impede é a chegada ao Acre. Mas, o nosso turismo étnico-religioso nas aldeias indígenas, notadamente no Vale do Juruá, os nossos indígenas estão aproveitando muito bem. Os brancos estão precisando se reinventar e criar também pacotes especiais, culturais que possam ser atrativos para que os estrangeiros também venham ao Acre.

Penso que temos que garantir o básico para facilitar a locomoção, a mobilidade do turista por dentro da Serra do Divisor, ao mesmo tempo em que a gente tenta a convencer a equipe econômica a reduzir, o governador está muito empenhado nisso, o ICMS do combustível de aviação. Uma vez barateando esse combustível, há a probabilidade de se baratear o custo da passagem.

 

A GAZETA- A senhora tem trabalhado essa questão da organização do carnaval. Como tem sido isso?

Sinhasique – Eventos geram negócios. Nossa economia está um pouco paralisada, agente precisa se reinventar e movimentar essa economia. Estamos falando de uma movimentação que envolve uma cadeia de pessoas como malharias, costureiras, comércio de calçados mais confortáveis para o carnaval, adereços, mobiliza e fomenta também os taxistas e úberes, a questão dos transportes. Ou seja, é uma cadeia virtuosa que se movimenta quando a gente faz um evento como esse, além de envolver mais de 90 profissionais da música. Tudo isso gera negócios. Faz circular dinheiro. Nós criamos e estamos organizando, mas quem vai gerenciar de perto é a Associação Comercial do Acre (Acisa), responsável pelo credenciamento das micro e pequenas empresas individuais que serão instaladas dentro da avenida da folia. É ela que vai receber os patrocínios dos nossos patrocinadores e é ela que vai efetuar os pagamentos dos músicos e de todos os fornecedores necessários, como ornamentação, banheiros químicos, tudo que a gente for contratar o carnaval será gerenciado pela Acisa. Estamos em busca de patrocínio. Já temos como patrocínio o Sicoob/Acre, o Barriga Verde, a Papelaria Criativa, a Star Motors, o Energético Vulcano, a Acisa, o Sebrae. Na segunda vamos falar com o pessoal da Elite Engenharia, vamos confirmar o patrocínio com a Uninorte.

 

 

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