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Franciscano é eleito o melhor professor do mundo

O irmão franciscano Peter Tabichi (Ordem dos Frades Menores – OFM), do Quênia, 36, foi eleito o melhor professor do mundo pelo ‘Global Teacher Prize‘ de 2019. O prêmio é oferecido pela ‘Fundação Varkey’, uma entidade que se dedica à melhoria da educação para crianças carentes. Foi indicado ao “oscar da educação” o professor cujo trabalho foi capaz de influenciar de forma positiva a comunidade na qual vive. “Fale menos e faça mais” foi o lema deste professor africano.

A cerimônia de premiação aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além do troféu, o religioso franciscano, que concorreu com outros dez mil indicados de 179 países, recebeu US$ 1 milhão ( cerca de R$ 3,9 milhões). O dinheiro deverá ser aplicado em atividades educacionais.

“Todos os dias, na África, viramos uma página e começamos um novo capítulo. Hoje é outro dia. Este prêmio não é um reconhecimento a mim, mas aos jovens deste grande continente. Estou aqui somente por causa do que os meus alunos alcançaram. Este prêmio dá a eles uma oportunidade, diz ao mundo que tudo é possível”, afirmou o religioso em seu discurso. Ele ainda acrescentou: “A África produzirá cientistas, engenheiros, empresários cujos nomes serão, um dia, conhecidos em todos os cantos do mundo”.

Ele é professor de ciências na Escola Secundária Keriko Mixed Day, localizada em uma zona rural do Quênia, e doa 80% de sua renda mensal para ajudar aos alunos mais pobres a comprar uniformes e materiais escolares.

Muitos desses estudantes percorrem mais de 6 quilômetros diariamente para chegar até a escola. Além disso, 95% dos alunos são provenientes de famílias pobres, quase um terço são órfãos ou têm apenas um dos pais e muitos não têm comida em casa.

As classes, que deveriam ter entre 35 e 40 alunos, chegam a ter o dobro de estudantes. Além disso, por lecionar em uma escola onde há apenas um computador e uma conexão precária de internet, o frei Peter Tabichi é obrigado a ir até um café para baixar os materiais necessários para suas aulas.

Segundo dados oficiais, o trabalho do professor Tabichi fez, em três anos, a quantidade de matrículas dobrar e os casos de indisciplina caírem de 30 por semana para apenas três. Em 2017, apenas 16 dos 59 alunos ingressaram na faculdade, enquanto em 2018, 26 alunos foram para a universidade.

E aqui no Brasil, como estamos valorizando nossos professores? Você se lembra do(a) seu(sua) primeiro(a) professor(a)? Tem gratidão a ele(a)? Sabemos, e não é de agora, que os profissionais da educação enfrentam uma era de grandes desafios. É um momento oportuno para se questionar a qualidade do trabalho realizado dentro das salas de aula e o modelo educacional adotado.

No entanto, sabemos que o Brasil é um dos melhores países do mundo em termos de recursos materiais, clima, água, etc. Não nos falta nada que dependa do Criador. No entanto, é um dos piores países naquilo que é mais importante: a educação do povo; por isso muitos jovens se perdem no mundo das drogas, do crime, da vadiagem, dos vícios e outras tristezas.

Um povo sem educação, sem boas escolas, sem bons professores, é hoje um rebanho sem pastor, sem luz, sem destino, sem futuro.

Se em nosso país houvesse a seriedade educacional que existe, por exemplo, no Japão, Coréia do Sul, Inglaterra, França, etc., o Brasil já teria superado em muito os seus problemas sociais. Alguém disse que o Brasil nunca irá para o abismo, porque não existe abismo que o comporte.

Basta dar um exemplo: o Japão tem 330 pessoas por quilômetro quadrado, o Brasil tem 20 apenas. O Japão não tem petróleo, não tem minérios, não tem rios como nós, e, no entanto não tem a nossa miséria; 60% dos jovens tem curso superior. Qual o segredo: EDUCAÇÃO.

O fracasso no ensino público começa pelos professores, onde muitos (não estou generalizando) são sem preparo adequado, mal remunerado (já generalizando), sem instrumentos adequados de trabalho, e sem recursos financeiros para adquirir livros, equipamentos de laboratório, computação e etc. É preciso dar menos regalias ao ensino universitário e mais recursos para o secundário. Só lembrando: no Japão, o único profissional que não necessita se curvar diante do Imperador, é justamente o professor. Quanta honra e respeito aos mestres.

Já é hora do Brasil acordar e cobrar de todas as autoridades (municipais, estaduais e federais), mais respeito com o cidadão; cuidando de sua educação, valorizando os professores, que são a base te todas as profissões. Essa pérola preciosa que é a inteligência, que Deus deu de graça a cada um de nós, não pode ser jogada na lama. Não se dá pérolas aos porcos, disse Jesus Cristo. Cuidar da educação é também um item da evangelização, por isso  a Igreja em todos os tempos, desde a queda do império romano em 476, foi sempre a maior estimuladora do estudo, do ensino. Foi ela que fundou as primeiras universidades do mundo ocidental: Bolonha, Sorbone, Oxford, Cambridge, La Sapienza, Valladolid, Madrid, Compostela, Montpellier, etc. Sem falar nas inúmeras instituições de ensino, onde muitas religiosas, frades e padres, continuam contribuindo para formar homens e mulheres para uma sociedade tão sem valores éticos, cívicos, morais e religiosos.

Já é hora do povo brasileiro cobrar que os governos sejam sérios, que eliminem a corrupção para que o dinheiro da escola e da educação não vá parar nos bolsos dos corruptos e corruptores. Só a exigência dos pais e professores pode mudar esse caos educacional em nosso país, sem violência, sem gritos histéricos, mas com cobranças sérias, organizadas e maduras.

Parabéns ao frei Peter Tabichi, por sua atuação junto aos mais pobres e necessitados! Paz e Bem.

 

Adaptado conforme: www.vaticannews.va e www.cleofas.com.br

 

 

Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.

Guardião do Convento Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri – MG Colaborador do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco – AC

Encontro todo 3º Domingo do mês na Paróquia Santa Inês, às 07h00.

 

 

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