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ARTIGO: Filosofia do buraco: uma vez dentro, pare de cavar!

Diz um velho ditado popular que errar é humano. Qualquer tradução honesta que se faça do referido termo, facilmente encontrará razões para confirmá-lo de algum modo, não somente no âmbito restrito das relações humanas, mas até mesmo no ambiente da Teoria do Caos, que explica a aparente perfeição do Universo tendo como base a tendência ao ajuste na direção do que lhe é mais favorável em ambiente de ‘tentativas e erros’.

Ao final de uma semana onde Gladson ofertou uma pequena trégua pontual nos desgostos e finalmente acenou com a possibilidade de começar a governar, uma conversa sobre erros, tentativas e acertos, faz todo sentido.

Para que não digam que não falamos das flores, é necessário que estejamos pontuando os referidos acertos.

O aperto de mãos com a prefeita Socorro Neri e a marcha da agenda setorial envolvendo as principais pastas do governo, foram os atos positivos dignos de nota ao longo da semana. Incluindo aí, a abertura de diálogo com o setor produtivo, sindicatos e também com o pessoal do Santa Juliana.

E, por fim, aqui sem nenhum elogio, até porque a necessidade de correção de tal demanda reprimida já estava nas estrelas, faz bem lembrarmos o fato positivo de que Gladson finalmente conseguiu manter, por mais de 48 horas, os dois pés fincados em solos acreanos, a confirmar, pelo êxito político pontual aqui mencionado – sejamos justos, foi uma boa semana – um outro dito popular que cai como uma luva a qualquer governante e que diz mais ou menos assim: o olho do dono é que engorda o gado!

Certo de que Gladson já acenou com a diminuição progressiva dos riscos de seguirmos ampliando a força gravitacional do buraco negro que fatalmente dragaria precocemente para as profundezas sombrias do fracasso as expectativas do seu confuso início de governo, é necessário e bem sugestivo que mantenha a experiência positiva da sua melhor semana frente ao governo para seguir corrigindo os equívocos.

Se seguir agindo assim, com o mesmo vigor, indo na manha como se diz, com um mês ou dois, já dará para pensarmos em sairmos da defensiva e iniciarmos uma ofensiva realista frente aos problemas do Acre.

Ou seja: que estejamos superando a agenda duríssima, manifesta hoje na forma de retirada de gargalos, por uma agenda propositiva e real  nos pontos que merecem ser tocados, seja no curto, médio e até mesmo no longo prazo.

Por enquanto – e é vital, necessário e urgente, apesar de facilmente evitáveis – Gladson mostra-se apenas, digamos, resolvendo problemas do seu governo.

Problemas, diga-se, decorrentes não de tentativas de acertos, mas de negligências injustificáveis decorrentes da Lei do Retorno em matéria de política e gestão pública.

Enfim, superada a pauta interna que,  obviamente, reconheçamos, também faz parte, esperamos que logo as energias de Gladson estejam à disposição do encaminhamento de soluções realistas frente aos graves problemas que hoje afetam os acreanos.

Após uma semana de elogiáveis acertos políticos, o mais óbvio nas próximas, tendo como baliza as tentativas, negligências, erros e acertos da sua equipe de primeiro escalão, é que Gladson sinalize na direção da necessária, urgente e realista reflexão sobre os noventa dias do seu governo,

E isso inclui o fato de que é justo, razoável e coerente que cumpra as textuais proferidas poucos minutos antes de assinar o Termo de Posse.

Estamos nos referindo ao uso da caneta oficial para o descarte imediato dos objetos inservíveis que não ofertaram (ainda que modestos), resultados favoráveis no ambiente problemático das pastas que respondem.

Por ironia do destino, após o fechamento da sua melhor semana desde que foi inserido na galeria dos governadores acreanos, Gladson abrirá a próxima já às portas do encerramento do prazo de 90 dias – dado por ele mesmo –  para que seus auxiliares viessem a apresentar resultados.

O que a sociedade viu no trimestre que inaugurou o governo, diga-se, eleito prometendo um choque de gestão, foram pelo menos cinco dos seus principais auxiliares cavando o fundo do poço das dificuldades acreanas.

Por tudo isso, encerro aqui com uma filosofia popular acertadíssima. Chama-se Filosofia do Buraco.

Ela diz assim… Filosofia do buraco: UMA VEZ DENTRO, PARE DE CAVAR!

 

Edinei Muniz é professor e advogado. Escreve artigos de opinião focados em análise política todas as sextas-feiras no Jornal A Gazeta.

 

A Gazeta do Acre: