O problema de saúde envolvendo adolescentes acreanas após a aplicação da vacina HPV foi o principal tema de debate na sessão de ontem, 28, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). O assunto voltou à ordem do dia após um grupo de familiares das vítimas comparecerem ao parlamento pedindo apoio da Casa Legislativa.
O grupo foi recebido pelo presidente e vice-presidente da Comissão de Saúde da Aleac, os deputados José Bestene (PP) e Jenislon Leite (PCdoB), respectivamente. Na oportunidade, os pais das vítimas relataram aos parlamentares o atual quadro clínico das adolescentes. Eles frisam que até o momento nenhuma resposta efetiva foi dada para explicar o que ocasionou as reações à vacina.
“O Estado vem desde a gestão passada oferecendo exames que não dão em nada. Temos um neurologista e uma reumatologista para atender um número grande de crianças, mas nada é resolvido”, disse Leila, mãe de uma das adolescentes. “Temos mais de 70 casos notificados e as nossas filhas sofrem. Precisamos de atendimento. O que queremos é que o Poder Público faça algo de fato. Nossas filhas estão sofrendo e tem muita autoridade aí fechando os olhos para isso”, desabafou.
Ao pontuar a gravidade da situação, o deputado Jenilson Leite (PCdoB) cobrou do Ministério da Saúde um maior envolvimento no caso.
“O Ministério da Saúde precisa agir, precisa pegar o problema para si. Uma investigação deve ser iniciada o mais rápido possível. Eles precisam provar que não foi a vacina que causou essas reações. Isso precisa ser comprovado e não apenas falado. Tem mães com medo de vacinar os filhos, porque nada ainda foi esclarecido. O Ministério da Saúde não está dando a importância que esse assunto merece”, falou.
A deputada Antonia Sales (MDB) também cobrou um posicionamento do Governo Federal. “A campanha da vacina foi realizada ainda no governo Dilma Rousseff e desde lá vem apresentando problemas. Será que não fizeram testes suficientes? Os órgãos competentes precisam se manifestar. Essas mães precisam de uma resposta. Minha filha, além de deputada federal é ginecologista, eu vou pedir que ela levante essa bandeira, que leve o problema ao ministro da Saúde”, afirmou.
O deputado Roberto Duarte (MDB), ao pontuar que acompanha o caso há bastante tempo, lembrou que faltam medicamentos e aparelhos para a realização de exames nas adolescentes. “É preciso saber a origem desse problema, mas faltam medicamentos e aparelhos para a realização de exames nessas crianças. Se elas ficaram assim após uma campanha de vacinação pública, então governo, município e União têm que se responsabilizar pelo tratamento delas”, ajuizou.
Atualmente, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) investiga 46 casos de meninos e meninas que após serem imunizados contra o HPV passaram a apresentar convulsões e outros sintomas que têm prejudicado suas vidas. O Ministério da Saúde chegou a enviar especialistas para investigar os casos, mas os pais alegam que, atualmente, estão abandonados pelo poder público.