Os pacientes da Casa de Acolhida Souza Araújo, que abriga portadores de hanseníase, estão revoltados com o abandono por parte do Governo do Estado. O local é administrado pela Diocese de Rio Branco e mantido com repasses do governo, porém, há oito meses o Estado não repassa os recursos para manutenção da casa.
Indignados com a situação, os pacientes gravaram um vídeo denunciando a falta de insumos básicos como esparadrapos, gaze e até medicamentos. O estoque de alimentos deve acabar no final deste mês.
No vídeo, um dos pacientes afirma que o local não tem mais condições de continuar funcionando.
“A Casa está prestes a fechar e nós queremos que o governo nos assuma. Estão querendo tirar a responsabilidade. Nós não temos mais ataduras, nem remédios, temos mal a alimentação. Esse é o primeiro grito de guerra dos portadores de hanseníase do Acre. Vamos fazer muito mais se for preciso”.
Pacientes e funcionários da Souza Araújo farão manifesto na próxima segunda-feira, 18, e irão fechar a BR-364 até que a situação seja resolvida.
Outro paciente identificado como Raimundo lembra que foi vítima de preconceito por ser portador da doença, sendo retirado de sua casa a força do convívio familiar e levado para o local.
“Quero dizer, para o senhor governador, que somos gente também. Quando foi pra nos tirar de dentro de casa pela polícia, naquela época, e jogar aqui dentro não pensaram”, desabafou.
Inaugurada em 1930, milhares de hansenianos já passaram pela casa que já foi chamada de colônia e leprosário Souza Araújo.
Procurado pela reportagem, o porta-voz do governo, Rogério Wenceslau se limitou a dizer que o “governo atual não celebrou convênio com a Casa Souza Araújo”.
Questionado sobre o possível retorno do convênio, Wenceslau disse que caso chegue alguma solicitação por parte dos administradores da casa, a situação será avaliada pelo governo.
