Ao menos seis motoristas de ônibus coletivos estão afastados das funções para tratamento médico por causa dos constantes assaltos, conforme contou ao G1, o presidente do Sindicato dos Transportes do Acre (Sinttpac), Francisco Marinho.
Para tentar amenizar os assaltos dentro dos coletivos, a Segurança Pública vai colocar policiais à paisana nos carros que fazem as linhas mais críticas. “Temos trabalhadores afastados. Inclusive, estamos cuidando de alguns, chega a ser umas seis pessoas por causa desse problema [assaltos]”, disse Marinho.
O presidente diz que o Sindicato ajuda com o acompanhamento médico e com a assistência social, até que esses profissionais consigam o afastamento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (Inss). “Nós estamos vivendo um momento de terror. Os trabalhadores têm medo trabalhar à noite porque depois das 18 horas começam os assaltos”, conta.
Ainda conforme Marinho, é necessário mais segurança, tanto para quem utiliza o coletivo, como para o motorista. “As pessoas estão com medo. É muito difícil essa situação”, lamenta.
O medo
Tanto motoristas, como passageiros estão amedrontados. Os motoristas dizem que a cada nova corrida, cresce a apreensão e o medo de ser surpreendido. Um motorista, que não quis se identificar, disse que a cada dia é um novo desafio de encarar o imprevisível.
“Apesar de eu ser do turno da manhã e o índice de assalto ser bem menor que o da noite, você não conhece ninguém. Na minha rota, são poucos assaltos, mas acontece”, disse.
Apenas no início desta semana, o motorista contou três assaltos que correram em ônibus que fazem a mesma rota que ele trabalha e diz que só resta ter fé para sair de casa e enfrentar o risco.
“Acho que a gente tem que ter muito Deus no coração para sair com segurança. A gente deixa a família em casa, carregamos outras famílias dentro dos ônibus e só resta seguir com fé”, descreve.
Outro motorista, que também trabalha no período da manhã e prefere manter a identidade em sigilo, diz que nesse turno o mais complicado é o primeiro balão, das cinco horas. “A gente anda com aquele receio de que a qualquer hora pode acontecer, mas, no caso, já temos que estar psicologicamente esperando para que o impacto não seja tão forte”, contou.
Para os passageiros, não é diferente. A mãe de uma estudante, não quis se identificar, que estava no coletivo da Vila Acre, noite de terça-feira, 19, quando foi assaltado, contou que a filha chegou em casa em desespero e pensa em trancar a faculdade.
“Ela chorou em casa desesperada, disse que não ia estudar mais e ontem [quarta-feira 20] ela foi, mas, morrendo de medo. E quando chegou em casa viu que o Vila Acre tinha sido assaltado de novo, só que ela veio em outro e disse mãe: acho que vou desistir de estudar”, contou.
A segurança pública do Acre anunciou na manhã de quinta-feira, 21, que três ações imediatas vão ser adotadas pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp), após onda de assaltos a ônibus coletivos, em Rio Branco.
Policiais militares a paisana devem circular nas linhas mais perigosas, a partir de quinta-feira, 21, em Rio Branco, também haverá uma parceria público privada e celeridade nas investigações da Polícia Civil.