Antigamente, o ideal educativo da Grécia surge ou apareceu como PAIDEIA: Formação geral que tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão.
Essa Paidéia, além de formar o homem e educá-lo, devia ainda formar o cidadão. Cidadão, para quem não sabe, são indivíduos no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.
Nesta época, havia mais civilidade, por exemplo, nas ruas de Atenas do que nas ruas dos tempos atuais super informados e com uma multiplicidade de meios educativos.
Nas cidades de hoje é notório e público que: Falta Educação: Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social: Falta civilidade: Conjunto de formalidades observadas entre si pelos cidadãos em sinal de respeito mútuo e consideração. Polidez, urbanidade, delicadeza, cortesia!
Estou exagerando? Quem acha que sim, deve levar sua família para um simples jogo de futebol entre os times paulistas, por exemplo, Palmeiras e Corinthians, ou Goiás e Vila Nova, este no Serra Dourada, em Goiânia! Além do mais, os estádios de futebol, foram transformados literalmente em arenas! Vai lá! No entanto, nem precisar sair de casa para constatar a total ausência de educação e civilidade, entre nós. Basta olhar detidamente as tais redes sociais! Que de social, não tem absolutamente nada!!
Essa carência de educação e civilidade, se reflete na maioria da população, hoje completamente entregue a uma vida desregrada de prazeres. A massa, deseducada, optou por viver à beira do abismo das paixões, isto é: catarse, sentimento ou emoção levado a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão. O mais trágico de tudo é que qualquer alma humana que ousar reagir contra essa inclinação perversa do brasileiro, é nomeada, na melhor das hipóteses, como falsa e moralista. A insensatez é grande, pois não se concebe mais um modo de vida estético equilibrado, vida de prazeres comedidos, que por si só, se contrapõe, não apenas a dor, mas, sobretudo, o tédio.
Não menos trágico é constatar que o homem deixou, em sua maioria, de ser consciente de si e dos outros. Não tem capacidade de reflexão e de reconhecer a existência do próximo como sujeito ético igual a ele. Perdemos a consciência moral, trocamos a verdade pela mentira. Podemos dizer a verdade, contudo preferimos a mentira.
No Brasil, banalizamos o trágico: crime de estupro e o assassinato de mulheres indefesas; vulgarizamos e até contamos piadas sobre as improbidades do executivo, do legislativo e do judiciário; aceitamos passivamente a cultura da morte e a cultura da droga e; continuamos sem solução para o problema da gravidez e por extensão do aborto na adolescência, que não consegue sair do campo das soluções teóricas.
Não julgamos mais à luz dos valores e da ética, por exemplo, essa cultura do crime perverso e da violência de uns contra outros. Ao que parece não temos a capacidade de discernir e compreender essa realidade estúpida em que vivemos
As cidades refletem, sobremodo, de forma aguda a situação socioeconômica que caracteriza tão fortemente o nosso século. As cidades são o espelho que melhor refletem a miséria e as contradições do sofisticado mundo moderno. É nas ruas que mendigos, em humilhação assassina, estendem suas mãos aos transeuntes apressados e ocupados. É nas suas esquinas que as “prostitutas” ainda crianças, se expõem, em busca de freguesia, para que no dia seguinte o seu pão de cada dia possa comer.
Mas, muito mais que isso, é o reflexo da ausência duma educação que forma o homem para vida profissional, bem como para o exercício duma boa cidadania.
Em meio a essa situação caótica, podemos notar na essência das nossas cidades aquele espírito humano que anima uma coletividade e instituições. Há, além disso, resquícios daquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos, de um povo, de uma cidade, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais: relações de amizade, independente da escolha cultural de cada um; respeito ao princípio de igualdade de direitos e autonomia de cada indivíduo; seu modo de ser ou de vida habitual; seu temperamento e disposição interior de fazer o bem, de natureza emocional ou moral.
Francisco Assis dos Santos*
HUMANISTA. E-mail: [email protected]
“Falta civilidade: conjunto de formalidades observadas entre si pelos cidadãos em sinal de respeito mútuo e consideração”