Acabei de receber um áudio aqui com a fala do Gladson no seu programa de rádio semanal e sou obrigado a concordar parcialmente com os argumentos por ele apresentados.
Ele diz que a “petização” do seu governo se deu muito mais em razão das indicações dos seus aliados do que por vontade dele próprio.
Sim, isso é verdade!
Mas, mesmo sendo verdade, os argumentos não são suficientes para Gladson afastar de si as principais parcelas dessa responsabilidade.
E não é suficiente por um motivo simples: Gladson precisa exercer o poder em ‘nível macro’, espaço em que atua como um maestro, mas precisa aprender, também, a lidar com as filigranas do poder.
Tenho quase absoluta certeza que o governador Gladson foi vítima de um processo natural de ‘deseducação’ provocado pelos efeitos colaterais do exercício do mandato de senador.
É simples! Quando se é senador o sujeito tem tudo ao alcance das mãos e suas tratativas se dão quase sempre no ‘andar de cima’.
O exercício do poder político como senador ocorre quase sempre em ‘nível macro’. O peso dos pequenos detalhes é quase nenhum.
E não é por outra razão que no andar de cima poucos políticos acreanos possuem capacidade política superior à Gladson quando o assunto é ‘articulação institucional’ com as altas autoridades da República.
Gladson, quando vai a Brasília, mostra-se extremamente habilidoso na condução da ‘articulação institucional’ do seu governo. Fato!
No entanto, quando pisa em solo acreano e precisa lidar com as pequenas coisas o mesmo Gladson acaba se perdendo.
A ansiedade do Gladson e a notável falta de paciência em relação aos detalhes do exercício do poder, em se tratando de um estado provinciano como é o caso do Acre, acabam por prejudicá-lo seriamente.
Em síntese: o Senado da República DESEDUCOU Gladson para o exercício do poder no Acre, onde o nível extremo de ‘pequenos detalhes’ é que fala mais alto.
Gladson precisa educar-se politicamente para ser governador. Terá que aprender a exercer o poder em nível de realidade acreana, nua e crua.
Não estamos em São Paulo onde o governador não precisa necessariamente botar as mãos nos pequenos detalhes. Estamos no Acre, onde os pequenos detalhes são, quase sempre, a regra.
Quanto às indicações dos petistas deveria ter encarado o ‘custo menor’ e não o ‘custo maior’ como fez.
Botar os pés na barreira e dizer “não” de modo seguro e firme é medida que se impõe com grande força. Custe o que custar.
Gladson está aprendendo do pior modo que um governador INASSESSORÁVEL jamais conseguirá êxito no Acre.
Terá que cuidar da ARTICULAÇÃO POLÍTICA em nível MICRO ou irá seguir acumulando vexames.
Gladson terá que libertar -se dessa mania de achar que sua cabeça sozinha resolverá tudo. As coisas não são assim em governo algum e não será diferente no seu.
Tem que colocar ao lado dele gente que pensa e sabe o que está fazendo. Gente que o instrua em efetivo. De modo INASSESSORÁVEL pode ter certeza que não irá a lugar algum.
Olho para a sua atual equipe e não vejo gente com capacidade de fazer a diferença no tocante às sugestões que Gladson precisa receber para bem governar.
Receber assessoria não é feio. Feio é achar que sabe tudo sem saber.
*Edinei Muniz