Os delegados de Polícia Civil protestaram contra a possível retirada do controle da Secretaria de Polícia Civil sob o Guardião, – software de alta tecnologia que grampeia centenas de linhas telefônicas simultaneamente -, que passaria a ser responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol), Cleylton Videira, durante a apresentação de apreensão de drogas, na manhã de quinta-feira, 25, frisou que essa determinação, caso se concretize, atinge diretamente a condução das investigações por parte do setor.
“Nós não vamos mais garantir sucesso nas investigações que dependam dessa ferramenta. Investigações qualificadas que já levaram a desbaratar organizações criminosas, mas que também contribuíram para descobrir crimes contra a administração pública no estado e no município”, disse.
O vice-presidente da Adepol, delegado Karlesso Nespoli, também comentou sobre o assunto. “Se tira o Guardião, depois tira a perícia, que é outra ferramenta investigativa, e o que vai nos restar? Por isso estamos entregando ao governador um documento técnico para que possamos sentar com ele para não modificar a autonomia e não deixar que essas ferramentas saiam da Polícia Civil”.
Extinção da Secretaria
Os delegados falaram ainda sobre a extinção da Secretaria de Polícia Civil, prevista na minirreforma administrativa proposta pelo Governo do Estado. A proposta, que deve ser encaminhada à Assembleia Legislativa nos próximos dias, pretende, a princípio, transformar a instituição em apenas um Departamento da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Cleylton Videira voltou a pontuar que a medida é um retrocesso para o Estado, pois tira a autonomia do setor.
“Para a instituição o prejuízo é grande, mas é muito mais da população acreana que sofre todos os dias com o avanço das formas brutais de crime contra a vida, do tráfico de drogas com famílias sendo consumidas porque os filhos ou entram na traficância ou no consumo. Com essa mudança vamos ter que bater na porta de outra Secretaria para ter condições de realizar uma simples operação no interior, por exemplo. O nosso medo é que se perca a agilidade nas investigações e a garantia do sigilo”, pontuou Videira.
O delegado Sérgio Lopes, por sua vez, questiona a justificativa dada pelo Governo do Acre para tirar o status de Secretária. “Alegam que voltando a ser do departamento economizaria recursos públicos. Mas, a Secretaria de Polícia Civil é toda ocupada por servidores efetivos. Esse discurso é vazio. Gostaríamos que fossem apresentadas as razões e que mostrassem o quanto se economizaria com essa mudança” frisou.
O governador Gladson Cameli (PP), após uma conversa com os delegados e representantes dos policiais civis, declinou da ideia, porém, a medida voltou a ser suscitada pelo chefe do Executivo.
Governo
O chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, assegura que não há nada definido quanto à extinção da Secretaria de Polícia Civil. De acordo com nota divulgada à imprensa, ‘os termos ainda estão em análise criteriosa’. “Os estudos dos ajustes serão feitos em todas as áreas, por isso não podemos falar especificamente da Polícia Civil”.