Emocionado, Vilmar Alemão conta que perdeu seus filhos, gêmeos, que ainda estavam na barriga de sua esposa, por negligência médica. O fato ocorreu no dia 3 de abril, na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco.
Segundo Alemão, sua esposa chegou à maternidade no dia 31 de março, às 12h, e só conseguiu ser internada em um leito após as 00h. Ele relata que entre os dias 1º e 3 de abril, a paciente teria recebido apenas medicação para dor e injeção para segurar o bebê.
No dia 3, como recorda o pai, foi verificado por um enfermeiro que um dos dois corações havia parado de bater. Sem respostas, o casal esperou até 17h, quando um médico pediu uma ultrassonografia de urgência.
“Foram bater a ultrassonografia era 20h30 e o outro já não estava vivo. Esse mesmo médico mandou ela de volta para o leito, pra esperar a documentação. Não tinha mais nada pra fazer, tinha que chamar o médico”.
Após a ultrassonografia, a mãe teria esperado mais de uma hora por atendimento e resolveu pedir ajuda em outro pavilhão da maternidade.
“Depois disso [ultrassom], ela passou uma hora e vinte no leito, levantou sozinha e foi procurar ajuda em outro pavilhão. Encontrou um médico que não tinha nada a ver e pediu: Doutor, me salva. Esse médico colocou ela na maca e correu para fazer a cesárea, quando chegou lá o outro tinha acabado de morrer. Eles mataram meus dois filhos”.
Inconformado e abalado com a situação, Alemão relata ainda que os filhos estavam prontos para nascer e alega negligência por parte dos médicos e enfermeiros da unidade.
“Eles estavam prontos pra nascer. Quando eu levei ela domingo para o hospital, ela tinha dilatado quatro centímetros. De domingo até quarta, os médicos só aplicaram injeção para segurar os bebês e para dor. Quero esses médicos na cadeia. Não vou deixar mais esses médicos matarem crianças, porque os meus filhos não voltam”, lamentou.
Ao Jornal A GAZETA, Alemão contou que procurou o Ministério Público, a Polícia Civil e até a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) para pedir ajuda. O fato deve ser apresentado na sessão desta terça-feira, 9, na plenária. O laudo do IML deve ficar pronto em sete dias, conforme foi informado ao pai.
“Minha esposa está com depressão, chora muito e está com um corte monstro na barriga. Quero ver se consigo pelo Estado uma assistência de psicólogo ou psiquiatra. O trauma foi muito grande, a perda foi muito grande”.
Maternidade abrirá sindicância
A reportagem tentou falar com o diretor da Maternidade Bárbara Heliodora, Wagner Camelo Bacelar, mas foi informada de que uma nota de esclarecimento sobre o fato foi divulgada.
Conforme a nota, a então paciente foi internada com gestação gemelar de fetos prematuros. Em seguida, ela teria sido a medicada e o médico solicitado os exames pertinentes ao caso.
“Durante o dia dois e três de abril, permaneceu internada sendo assistida por médicos obstetras sem apresentar intercorrências, com exames normais. Inclusive com exames de ultrassonografia dos fetos”.
O texto informa que o óbito foi detectado no dia 3 de abril por volta das 16h40 e ressalta a complexidade do caso.
“Salientamos que por ser um caso complexo que envolve gestação gemelar com fetos prematuros, fica extremamente difícil de emitir um parecer de imediato. Será necessário abrir uma sindicância composta por médicos especialistas, para constatar se houve negligência médica ou não”.
Caso seja constatado negligência médica, segundo a nota, os responsáveis serão punidos de forma rigorosa. “Salientamos esse compromisso com toda sociedade de que havendo culpados os mesmos serão responsabilizados”.