O Governo do Acre iniciou nesta sexta-feira, 26, uma nova etapa de campanha de vacinação contra febre aftosa. A solenidade realizada com uma vacinação simbólica na Fazenda Recreio contou com a presença de membros do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), além de diversas entidades parcerias e produtores do estado.
O Acre é reconhecido internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde Animal como zona livre de aftosa há quase 14 anos em virtude dos resultados exitosos de suas políticas de defesa e inspeção animal. Por isso, o estado foi escolhido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como um dos primeiros a receber a certificação de zona livre sem precisar mais de vacinação. A etapa de vacinação que será realizada durante todo o mês de maio será a penúltima, com apenas mais uma marcada para este ano.
“Era previsto para que essa fosse à última etapa de vacinação contra febre aftosa, mas repactuamos que a última etapa será em novembro desse ano. Além disso, até o ano passado a vacina era de 5ml, agora será de apenas 2ml, com esta etapa atual sendo apenas para animais de até 24 meses de acordo com o cadastro do Idaf”, explica o presidente do Instituto, Rogério Melo.
O Acre possui cerca de 3,3 milhões de cabeças de gado, um patrimônio pecuário avaliado em R$ 4 bilhões. O setor é o terceiro que mais movimenta economicamente o PIB do estado, com cerca de R$ 1 bilhão anualmente.
O presidente do Idaf ainda aproveitou para reforçar o apoio de parceiros, como o próprio Mapa e o Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre (Fundepec), que dá um aporte financeiro de quase R$ 1 milhão anualmente ao Instituto, garantindo crescimento e fortalecimento do setor.
Valorização do mercado
Participando da solenidade, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Acre, Assuero Veronez, destaca a mudança que o Brasil teve em relação à aftosa após a vacinação. Se em 1977 o país registrou 12 mil focos da doença, agora não há nenhum. Ainda assim, a zona livre sem vacinação se torna um desafio.
“É considerada uma doença de país pobre, então país que ainda tem ou vacina, a carne é mais barata e alguns países desenvolvidos não compram. O nosso foco é se livrar da aftosa, sem vacina. O governador Gladson Cameli tem falado da importância do agronegócio no Acre e a pecuária é o principal setor. Levamos pra ele as preocupações e ele imediatamente deu contratação a 15 veterinários, uma exigência para zona livre sem vacina. E estamos trabalhando para uma estrutura condizente para a pecuária no Acre”, conta.
Entre as vantagens da retirada estão a redução de perdas na produção leiteira e de carne devido aos deslocamentos de rebanhos e de manejo. A certificação também facilita o acesso a mercados atraentes do circuito não aftósico e gera uma economia de R$ 800 milhões anuais somente na compra da vacina em todo o país.
Proprietário da Fazenda Recreio, o produtor Marcelo Cordeiro trabalha há anos com a pecuária, vacinando o gado e vendo a importância das mudanças no setor.
“Eu avalio esse processo como muito construtivo. Cada ano que passa nosso rebanho está mais sadio, mais protegido e estamos próximos de alcançar o status de livre de aftosa, sem vacinação. Existem mercados que ainda estão inacessíveis pra nós devido a vacinação, sem ela conseguiremos alcançar os melhores mercados do mundo, agregando valor pro país, os produtores, o comércio, todo mundo”.