A Justiça do Acre negou um pedido do vereador Julio Klaczik de retornar ao cargo na Câmara de Plácido de Castro, no interior do Acre, e voltar a receber salário. O vereador foi preso no dia 13 de novembro do ano passado na Operação “Sangue Amargo”, da Polícia Federal.
A ação investigou uma organização criminosa especializada na venda de carne clandestina que seria destinada a escolas e estabelecimentos comerciais no estado do Acre.
O advogado do vereador, Euzebio Izidorio, informou que vai recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça do Acre.
“A gente acredita que o afastamento do cargo tem que ter ligação com o crime, em tese, cometido. No caso dele, ele está sendo processado supostamente por ter falsificado uma GTA, porque ele também é servidor do Idaf. Então, o exercício do cargo de vereador não tem ligação alguma com o crime imputado a ele pelo Ministério Público”, disse o advogado.
Além de Klaczik, o vereador Denys de Oliveira, um advogado e um servidor do Instituto de Defesa Agropecuária do Acre (Idaf) foram presos na operação. Todos os suspeitos tiveram a prisão preventiva convertida em medidas cautelares em março deste ano e seguem com monitoramento eletrônico.
O advogado do vereador Denys, Marcos Venícius, informou que não entrou com pedido para que ele retome as atividades como vereador e volte a receber. Segundo a Justiça, os dois vereadores devem ficar afastados dos cargos por 180 dias e, no caso de Klaczik, que também é servidor do Idaf, deve ficar afastado do instituto.
O presidente da Câmara de Plácido de Castro, Rogério Ribeiro, afirmou que o parlamento mirim não foi notificado da decisão da Justiça e disse que não iria se pronunciar sobre o caso.
Operação Sangue Amargo
A Polícia Federal deflagrou, no dia 13 de novembro do ano passado, a operação ‘Sangue Amargo’, que investiga uma organização criminosa especializada na venda de carne clandestina que seria destinada a escolas e estabelecimentos comerciais no estado do Acre.
Dentre os presos estão dois vereadores, um advogado e um servidor do Idaf. A PF constatou nas investigações que os investigados teriam se aproveitado do poder político para possibilitar a atuação dos criminosos.
Ao todo, foram cumpridos 26 mandados judiciais, sendo oito de prisão preventiva, 10 de busca e apreensão e ordens de indisponibilidade de bens dos investigados no município de Plácido de Castro.
A ação iniciou, segundo a PF, quando membros do grupo criminoso começaram a ficar conhecidos por vender gado sem procedência e pelo uso de poder político para conseguir burlar as fiscalizações. A quadrilha fazia o transporte clandestino de bovinos e repassava as carnes para açougues e frigoríficos do Acre.
A Prefeitura de Plácido de Castro, de acordo com a PF, foi uma das vítimas da organização criminosa. O órgão comprava carne dos membros da quadrilha, bem como a população que adquiria a carne no comércio e frigoríficos locais.