Um ponto alto da Força-Tarefa GCF 2019, em Caquetá, será o desenvolvimento da pecuária sem desmatamento da floresta
Nesta terça-feira, 30, quando o governador Gladson Cameli desembarcar na cidade de Caquetá, no interior da selva colombiana, o Acre terá inaugurado um novo capítulo nas relações econômicas e sociais para os povos da Amazônia.
Na Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas 2019 (GCF), que começa nesta terça e vai até sexta-feira, 3 de maio, Cameli deverá apresentar novos programas de desenvolvimento regional, alguns pensados ainda na sua plataforma de campanha para eleger-se governador do Acre, e que terão como base o agronegócio de baixo carbono.
Um deles é o fortalecimento da pecuária alicerçada nas pastagens degradadas, com tecnologias de gerenciamento e de modernização do setor, sem prejuízo para a vida das populações tradicionais.
Os objetivos comuns a 38 estados, de dez países, estarão sendo discutidos até o dia 3 de maio, tendo o Acre como um dos protagonistas para a novo modelo de desenvolvimento econômico e social, baseado na sustentabilidade e no respeito às áreas de proteção ambiental e às populações tradicionais.
Por ter 87% de suas terras conservadas, o estado ocupa posição de destaque na GCF, sobretudo porque foi o primeiro governo do mundo a promover e consolidar uma política que garantiu a Redução do Desmatamento e a Degradação Florestal, a chamada Redd+, que lhe garantiu compensações por instituições europeias.
Outro fator é que somente o Acre tem uma atuação ativa dentro do Grupo de Trabalho Indígena da GCF, que por sua vez, tem buscado aproximar o diálogo entre os povos indígenas e os governos da Amazônia.
O governador Gladson Cameli apresentará aos 38 estados membros da plataforma GCF, que a revisão do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) permitiu definir novos programas e instrumentos mais adequados aos contextos socioeconômico e ambiental atuais.
Entre eles estão o Programa Estadual de Agronegócio de Baixo Carbono, o Sistema de Incentivos à Agricultura Familiar do Estado do Acre e o Sistema Estadual de Mobilidade, Integração e Infraestrutura Inclusiva. Há ainda a plataforma de monitoramento do reflorestamento e de restauração, regeneração e recuperação da vegetação nativa, além do sistema informatizado de armazenamento, de integração e de gerenciamento da base de dados do ZEE.
Nesta segunda-feira, 29, Cameli fez uma visita de cortesia à Embaixada do Brasil na Colômbia. Em Bogotá, o governador do Acre relatou ao embaixador Júlio Bitelli o interesse do Acre em fortalecer as políticas públicas que garantam geração de emprego e renda à população, sempre respeitando o novo Código Florestal Brasileiro.
Reafirmando o compromisso com a sustentabilidade
O governador Gladson Cameli analisa a agenda na Colômbia como uma oportunidade para reafirmar o compromisso do Acre com as políticas de desenvolvimento econômico e social que assegurem a sustentabilidade florestal.
“Ao estarmos presentes no encontro do GCF, garantimos que o Acre permanecerá unido aos demais estados da Amazônia Legal e países que lutam pela preservação ambiental, mas que colocam a valorização das pessoas acima de discursos demagogos, oferecendo a elas instrumentos para uma sobrevivência digna independente do espaço que elas optaram por viver”, disse Cameli.
Gladson destaca ainda que os trabalhos executados pela delegação do Acre estão sendo coordenados pela Casa Civil, que estará voltada, com a Sema, para fazer os encaminhamentos necessários sobre os resultados do encontro do GCF na Colômbia, principalmente na elaboração de políticas públicas.
Segundo o chefe da Casa Civil, a agenda continua mesmo após o encontro. “A diretora de Projetos do GCF, Colleen Lyons, tem interesse de estar no Acre, na semana seguinte, com o propósito de reafirmar a parceria, considerando que o acordo de cooperação assinado com a Força Tarefa termina em 2021”, afirma Trindade.
“Vários mecanismos são destaques nas políticas públicas do Acre”, pontua o secretário de Estado de Meio Ambiente, Israel Milani. “Pontos como a diversificação da pecuária como estratégia de reduzir a pressão sob a floresta e com investimentos em tecnologia é são alguns dos objetivos”, ressalta ele.
Em Caquetá, capital da Província (estado) de Florencia, as reuniões da GCF já começam nesta terça-feira, 30, com as reuniões dos comitês globais. Além do governador Gladson Cameli, a comitiva do Acre é composta pelo chefe do Gabinete Civil, Ribamar Trindade, pela primeira-dama, Ana Paula Cameli, pelo secretário de Meio Ambiente do Acre (Sema), Israel Milani, pela secretária de Comunicação, Silvania Pinheiro, pela porta-voz do Governo, Mirla Miranda, pelo chefe do Departamento de Mudanças Climáticas da Sema, Carlito Cavalcanti e pelo chefe do Gabinete Militar, Amarildo Camargo.
Primeira-dama participará de painéis sobre políticas para os povos indígenas
A primeira-dama do Estado do Acre, Ana Paula Cameli, terá um papel importante dentro da GCF 2019, em Caquetá, na Colômbia. Na terça-feira, 30, ela participa do painel ‘Melhores Práticas para Fortalecer a Colaboração entre Governos Subnacionais, Povos Indígenas e Comunidades Locais’.
“Participarei de vários temas, mas um em especial, será sobre as políticas para os povos indígenas. É preciso promover uma política de desenvolvimento regional baseado na inclusão dessas populações, tão preciosas para todos nós”, considera Paula Cameli.
Na quinta-feira, 2, ela estará também no painel ‘Governança Colaborativa na Prática: Estabelecendo Processos para as Organizações Indígenas e Governos Locais Trabalharem Juntos’.
O que é a GCF?
A GCF é uma força-tarefa entre estados de vários países estabelecida com base em um memorando de entendimentos, assinado em 2008, que fornece a base para a cooperação em inúmeros assuntos relacionados à política climática, financiamento, troca de tecnologia e pesquisa.
É formado por 38 estados e províncias do Brasil, Colômbia, Indonésia, Costa do Marfim, México, Nigéria, Peru, Espanha e Estados Unidos. A GCF também conta com parcerias de instituições nacionais, internacionais, bem como do setor privado, sociedade civil e povos indígenas para a construção de uma forte rede para o desenvolvimento de baixas emissões nas regiões de florestas tropicais do planeta.
A Força-Tarefa foi proposta na Califórnia, nos Estados Unidos e o Acre é um dos estados-membros fundadores. Em 2014, sediou o encontro anual, onde foi assinada a ‘Declaração de Rio Branco’, documento que estabelece um pacto entre os estados para reduzir os impactos do clima. Juntos, os estados-membros representam 32% das florestas tropicais do mundo, e são responsáveis por 25% das emissões de gás do efeito estufa na atmosfera.