O ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou mais uma vez que o governo está promovendo cortes na área, mesmo com o anúncio de bloqueio de repasse de 7,4 bilhões de reais. Em discurso na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 15, ele afirmou que as informações foram “distorcidas” e estão gerando “mal-estar na sociedade”.
Apesar de ter sido chamado para explicar o contingenciamento, Weintraub fez uma apresentação de 30 minutos — semelhante a que realizou no Senado na semana passada — sem citar o bloqueio de valores. Tomando por base uma apresentação de slides em power point, o ministro defendeu que a abordagem da Educação no Brasil deve ser “técnica” e “científica”, baseada em números, e não ideológica.
“Na educação essencial, quando chega no primeiro ano, se não tiver um preparo, se não chegar com os fonemas, letrinhas, sons, (a criança) já chega com muita defasagem”, disse. “Cinquenta por cento das nossas crianças ficam no caminho, não conseguem aprender”, afirmou. O ministro disse ainda que a qualidade da alfabetização no país “é um desastre”.
Depois de sua exposição, que focou no ensino básico e técnico, os deputados começaram a cobrá-lo para explicar, de fato, como foi decidido o corte de verbas das universidades federais e dos institutos federais.
Para justificar os cortes, o ministro culpou os governos anteriores, de Dilma Rousseff e Michel Temer. Weintraub afirmou que o governo “está cumprindo a lei ao fazer o contingenciamento”. Segundo ele, o sonho da população é colocar o filho em escola privada, insistindo que o foco deve ser o investimento em ensino básico.
“Não está bom o que tem sido feito nos últimos 20 anos. Autonomia universitária não é soberania e polícia precisa sim entrar na universidade”, afirmou, em referência a críticas que recebeu sobre seu posicionamento envolvendo policiamento nas faculdades. Neste momento, ele foi vaiado e aplaudido pelos parlamentares.
Questionado pelo deputado Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT) sobre o embasamento teórico e os critérios para o corte de 30% no orçamento discricionário das universidades, o ministro afirmou que o número foi direcionado pelo Ministério da Economia.
Na sessão, ele também se esquivou e classificou como “mal-entendido” o episódio de ontem, quando vários líderes de partidos afirmaram que o presidente Bolsonaro ligou para o ministro na frente deles durante uma reunião e determinou o fim do contingenciamento na educação, sendo desmentidos logo em seguida pelo Planalto.