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Conheça a história de mulheres que abriram negócios após a chegada de seus filhos

Conheça a história de mulheres que abriram negócios após a chegada de seus filhos

Ser mãe é difícil, cansativo e exige renúncias, sobretudo quando o assunto é mercado de trabalho. Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 50% das mulheres são demitidas dois anos após darem a luz. O índice de demissão dois meses depois do retorno ao trabalho da licença-maternidade chega a 10%.

Seja por um insight, necessidade ou por vontade de acompanhar o desenvolvimento do filho, nasce uma mãe empreendedora. Não é à toa que no Brasil 76% das empreendedoras, o equivalente a oito milhões de mulheres, são mães, de acordo com o Sebrae.

Hoje, o empreendedorismo tem sido visto como uma saída para algumas mulheres conciliarem a carreira com o papel de mãe. A possibilidade de trabalhar e cuidar dos filhos chamou a atenção da engenheira agrônoma, Edmirk Herculano, logo na primeira gestação.

“Quando meu filho nasceu, em 2014, eu trabalhava no Sebrae e pensei que queria ficar com meu filho. Não queria voltar a trabalhar”, conta.

E foi assim que Edmirk passou de engenheira para empresária no ramo de confecções personalizadas em Rio Branco.

“Uni o útil ao que eu queria. Comecei a produzir peças personalizadas em casa e ficando com meu filho, vendo o crescimento dele. Na época, fui pioneira nesse ramo de personalização”.

Amigas, colegas de trabalho, familiares e pessoas desconhecidas. Todos queriam saber como a jovem começou a empreender e como conseguia conciliar o trabalho com a criação do filho. Assim surgiu o grupo de mães empreendedoras Mama Business, que incentiva mães a empreender.

“Eu não esperei ter R$ 1 mil, R$ 20 mil, pra começar. Eu peguei o que eu tinha naquele momento, que era R$ 500, e comecei. Varias mamães foram montando seus negócios ao ouvir meus relatos.”

Atualmente, a empresa de Edmirk é responsável por cerca de 50% do orçamento da família. Ela conseguiu fazer viagens inesquecíveis e até comprar um carro. Questionada se valeu a pena abandonar a estabilidade de um emprego formal para acompanhar o crescimento do filho, ela declara:

“Vale muito a pena! Empreender significa arriscar. Você tem que estar disposto a arriscar dinheiro, tempo, perder amizades, perder eventos da família, perder muitas coisas importantes de verdade. Se você tem uma meta, você precisa correr atrás do seu sonho.”

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“Varias mamães foram montando seus negócios ao ouvir meus relatos”, disse Edmirk Herculano.

 

De técnica de enfermagem à mãe empreendedora

Com a técnica de enfermagem Katiuscia Braga, de 37 anos, a vontade de ser dona do próprio negócio veio na segunda gestação, quando ela largou o emprego para investir em algo novo.

“Um dia eu tive a certeza de que queria mudar a minha vida e cuidar do Heitor. Queria que fosse diferente, queria acompanhar o crescimento dele, era diferente da primeira gestação”, recorda.

A ideia de fabricar e vender trufas de chocolate surgiu em um período que Katiuscia não tinha recursos para investir, mas, mesmo assim, ela arriscou.

“Começou com R$ 60 reais. Comprei três formas, uma barra de chocolate e uma caixa de leite condensado e outra de creme de leite. Meu negócio vai fazer três meses, mas parece que faz tanto tempo. Só na Páscoa eu vendi 753 trufas.”

Katiuscia pôde vivenciar a maternidade conciliada com um emprego formal e também como empreendedora. Nesse sentido, ela fala com propriedade que, apesar das dificuldades, ser mãe empreendedora é mais prazeroso.

“É complicado, não é fácil. Costumo dizer para quem está começando que é preciso focar no objetivo. No fim de semana, enquanto meu marido está brincando com o Heitor, eu fico fazendo trufas. Não tem ninguém pra me ajudar. Mas, por outro lado, você fica mais próximo, e isso é fundamental. Eu estou acompanhando tudo, as primeiras palavras dele, tudo mesmo”.

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“É complicado, não é fácil. Costumo dizer para quem está começando que é preciso focar no objetivo”, Katiuscia Braga.

 

Se despedindo do serviço público

Mãe de três crianças, a servidora pública e empreendedora Andreia Melo, de 32 anos, está em processo de transição. O plano é sair do serviço público em até cinco anos.

Durante o período de licença-maternidade da sua última gravidez, ela decidiu que iria reduzir o tempo de trabalho e investir em um negócio próprio para acompanhar o crescimento do filho.

“Eu trabalhava 8 horas por dia, e, às vezes, a gente precisa levar a criança ao médico e nem todo chefe entende. Isso tudo complica. Sem falar que, às vezes, são oito horas no papel, mas a gente acaba ficando muito mais.”

Empreendedora na área de papelaria criativa, Andreia afirma que conciliar maternidade e o próprio negócio é mais que viável, é gratificante.

“É difícil, mas é prazeroso porque você está fazendo algo que tem um significado enorme e você não deixa morrer o seu outro lado. Muitas mães perdem a identidade depois de ter filho, não se reconhecem como profissional”, disse.

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“Muitas mães perdem a identidade depois de ter filho, não se reconhecem como profissional”, Andreia Melo.

 

 Compre de uma mamãe

E foi empreendendo que Andreia conheceu Edmirk. Juntas e com planos parecidos, elas criaram o projeto “Compre de uma Mamãe”. A ideia é incentivar o empreendedorismo materno e fomentar a compra de produtos de mães empreendedoras.

“O projeto é criar uma rede de empreendedoras maternas para que possamos fomentar as relações de compra, promover uma campanha do quanto é importante comprar produtos das mães. Muita gente não tem essa visão de que comprando, por exemplo, um bombom da Katiuscia eu estou a ajudando a pagar a escola do filho”, explica.

Apesar de ainda estar em fase de recrutamento, o grupo já conta com mais de 50 mães. Para se inscrever é só acessar o link disponível no Instagram @compredeumamamae.

“A ideia é promover troca de experiências, grupo de estudos, criar um movimento pra uma fortalecermos umas as outras.”

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