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De Luiz Galvez a Gladson Cameli: 120 anos de resistência da primeira bandeira do Acre

“Olê mulher rendera. Olê mulher rendar. Tu me ensinas a fazer renda, que eu te ensino a namorar”. Os versos da música Mulher Rendeira se confundem com a história do Acre, isso porque foi pelas mãos habilidosas de uma cearense recém-chegada à região que a primeira bandeira acreana foi confeccionada em 1899, Maria de Nazareth dos Santos Porto costurou em couro e algodão o maior símbolo dos acreanos: a sua bandeira.

É sobre esse contexto de resgate de memórias que o historiador José Wilson Aguiar tem trabalhado. Ele atua na formulação de um projeto de lei que deverá ser apresentado pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora, deputado Luiz Gonzaga (PSDB) para que a bandeira original, idealizada no governo independente de Luiz Galvez Rodrigues de Arias, passe a utilizada.

Em uma busca incansável, José Wilson Aguiar dedicou parte de sua vida nesse projeto de resgate de trazê-la para o Acre. A bandeira acreana estava no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Depois de todo um trabalho histórico e porque não dizer diplomático, o símbolo maior do Acre foi trazido para o Palácio Rio Branco, onde hoje faz parte do acervo histórico de peças expostas para visitação.

Diferente da utilizada e a conhecida por nós, o modelo original da bandeira acreana tem a estrela vermelha no canto direito junto com a cor amarela, na parte inferior, sendo a superior ocupada pelo verde. A ideia de criação da bandeira acreana foi do médico baiano Antônio Frederico de Galvão Queiroz.  “O desenho da bandeira acreana mostra a divisa territorial que se tinha do Amazonas com o Acre, ligados por uma hipotenusa”, diz José Wilson Aguiar.

O historiador conta que com a prisão e deportação de Luiz Galvez, a bandeira acreana ficou aos cuidados do coronel José Rodrigo de Carvalho. Com o início da Revolução Acreana, a bandeira passou a ser utilizada nos frontes de batalhão.

“De combate em combate, a primeira bandeira acreana foi sendo levada pelas mãos seguras do 1º tenente José Faustino da Silva”, destaca Aguiar.

A queda de um governador

Após Epaminondas Jácome instituir, por meio de decreto, a utilização da bandeira acreana com símbolo de seu povo, anos mais tarde assumiria o então governador do Acre, Hugo Carneiro. Mas, no dia 8 de maio de 1930, ele resolveu abolir o uso da bandeira acreana em todas as repartições públicas e em todo o território. Ele atendia uma recomendação presidencial de Getúlio Vargas.

Entretanto, conta Aguiar, que a medida teve um efeito devastador para Hugo Carneiro, que foi deposto do cargo um mês depois de colocar a medida em prática.

“A atitude de abolir a nossa bandeira foi o estopim que pressionou Hugo carneiro a deixar o governo do Território, tanto que em menos de um mês isso aconteceu”, diz José Wilson Aguiar.

Ao finalizar sua defesa em retomar o modelo utilizado por Galvez no governo independente do Acre, em 1899, José Wilson assim descreve: “é preciso que neste ano de 2019, ano em que se deve comemorar os 120 anos de sua criação, se reverta, se use o modelo correto e verdadeiro da mesma bandeira acreana”.

FOTO/CEDIDA

 

 

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