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Estudantes e professores do Acre vão às ruas protestar contra cortes na Educação

FOTO/ CEDIDA

As ruas de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Xapuri e Tarauacá foram invadidas nesta quarta-feira, 15, por estudantes e professores que protestaram contra o corte de ao menos 30% em verbas de universidades públicas, anunciado pelo Governo Federal. O ato acompanha o movimento nacional em Defesa da Educação.

Na Universidade Federal do Acre (Ufac), o bloqueio representa a redução de aproximadamente R$ 15 milhões no orçamento de manutenção da universidade. A concentração de estudantes começou por volta das 7h e chegou a fechar a rodovia por alguns minutos. A programação durou o dia inteiro.

Além do contingenciamento de verbas destinadas a universidades federais e a programas de pesquisa, as entidades estudantis protestam contra as declarações polêmicas do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que associou o corte de recursos atos de “balbúrdia”.

“Aqui não fazemos balbúrdia, fazemos Ciências. Estamos paralisando para mostrar para a comunidade a importância da universidade pública gratuita, onde é realizada quase a totalidade das pesquisas do nosso país”, disse o professor Moisés Lobão, ao destacar que a Ufac pode fechar as portas caso os recursos sejam bloqueados.

Segundo o Sindicato dos Servidores da Ufac, cerca de 600 pessoas participaram do ato, que começou na noite de terça-feira, 14, com o acompanhamento de estudantes no campus.

Os estudantes e professores do campus Ufac de Cruzeiro do Sul também foram às ruas protestar contra o contingenciamento de recursos.

“Esse corte impacta o funcionamento tanto da rede básica de ensino quanto do ensino superior. É importante ressaltar para a sociedade que a universidade não trabalha só com o ensino em sala de aula. A universidade pública e os institutos atuam no desenvolvimento de tecnologia na pesquisa e extensão, que são atividades sociais e dão retorno em serviço para a comunidade”, destaca o professor Marcelo Siqueira.

Os bloqueios de orçamento no MEC atingiram recurso que vão da educação infantil à pós-graduação. Só nas universidades federais, os cortes chegam a R$ 2 bilhões. No total, o MEC deve bloquear 5% do orçamento anual, ou seja, R$ 7,4 bilhões de um total de R$ 149 bilhões.

Os cortes nos orçamentos atingem as contas de água, luz e serviços de limpeza, bem como os serviços básicos não supridos, inviabilização do ensino, pesquisa e extensão. Também prevê a suspensão dos concursos e o não reajuste salarial de professores.

Tira a mão do meu IF

FOTO/CEDIDA

Alunos e docentes do Instituto Federal do Acre (Ifac) também abraçaram a causa em favor da Educação. As unidades de Rio Branco, Xapuri e Tarauacá paralisaram as atividades parte do dia.

Desde o anúncio dos cortes, estudantes e professores do Ifac vêm protestando contra a medida do governo federal. A instituição lançou a campanha Tira a Mãe do Meu IF e decretou um dia de luto, quando todos os alunos vestiram preto pelo bloqueio no orçamento.

O contingenciamento do Governo Federal representa uma perda de R$ 5,8 milhões para o Ifac, o que inviabiliza que as aulas continuem durante o segundo semestre.

FOTO/CEDIDA

Centrais sindicais fecham Avenida Brasil

Simultaneamente aos atos da universidade e do instituto, centrais sindicais fecharam a Avenida Brasil para protestar contra a reforma da previdência e também pelo bloqueio de verbas da Educação. A maioria das escolas municipais e estaduais tiveram as aulas suspensas.

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais de 1.200 pessoas participaram do ato. Os manifestantes se concentraram em frente ao gabinete do governador e seguiram até a Prefeitura de Rio Branco.

O vice-presidente da CUT, Edmar Batistela, afirma que o objetivo do protesto é chamar atenção da sociedade para o “sucateamento” da educação pública do país.

“A educação está sendo desmontada e estão querendo acabar com o processo da educação pública de qualidade para todo o país. O governo quer sucatear o ensino público para deixar a educação para os grandes empresários. Esses cortes atingem todas as escolas”.

“Idiotas úteis”, diz Bolsonaro sobre manifestantes

Enquanto milhares de pessoas protestavam em todos os estados brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro, que cumpre agenda em Dallas, no Texas, afirmou em entrevista nos EUA que os manifestantes que protestam contra os cortes são “uns idiotas úteis”.

“É natural, é natural. Agora… a maioria ali é militante. É militante. Não tem nada na cabeça. Se perguntar 7 x 8 não sabe. Se perguntar a fórmula da água, não sabe. Não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”, afirmou.

O presidente acrescentou ainda que a “educação também está deixando muito a desejar no Brasil. Você pega as provas do Pisa, que eu peguei agora, de três em três anos, de 2000 pra cá, cada vez mais ladeira abaixo”.

FOTO/ Iryá Rodrigues

FOTO/CEDIDA
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