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Polícia Federal desmantela grupo que atuava na grilagem de terras e no desmatamento no sul do Amazonas

Uma operação deflagrada pela Polícia Federal cumpriu durante todo o dia de ontem, 8, pelo menos 18 mandados de prisão, 36 mandados de busca além de medidas cautelares no Acre, Amazonas e Minas Gerais. Entre os presos está o ex-superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA) no Acre, Carlos Francisco Augusto Gadelha.

A Operação Ojuara conta com a participação do Ministério Público Federal e do Exército Brasileiro e visa desbaratar uma organização criminosa que vinha atuando na prática de crimes ambientais no sul do Amazonas, lavagem de dinheiro e corrupção. Há indícios da participação de policiais militares do Amazonas, servidores do IBAMA do Acre e fazendeiros amazonenses.

Entre as práticas criminosas identificadas pelos investigadores, estão a ausência de lavrar autos de infração contra pecuaristas por desmatamento ilegal, multar ‘laranjas’ para proteger os reais responsáveis, além de repassar informações privilegiadas de ações que seriam desenvolvidas para o combate ao desmatamento.

Outro braço da investigação aponta a participação de quatro policiais militares do Amazonas. Pesa contra eles a suspeita de coagirem pequenos produtores rurais, posseiros, de suas terras, em benefício do grupo criminoso comandado por fazendeiros de Lábrea e Boca do Acre. Como recompensa, esses policiais recebiam propina. A área de atuação da quadrilha compreende um total de 86 mil hectares.

O delegado federal, Victor Negraes, explica como era feito o esquema. Ele disse que a quadrilha atuava em núcleos de trabalho. “Tínhamos o núcleo dos desmatadores, que era constituído por fazendeiros do Amazonas e que praticavam reiteradamente crimes ambientais de desmatamento para criação de gado. Em tese, essas terras eram também griladas por estarem em áreas da União e projetos de assentamento. O outro núcleo dessa organização era o de fiscalização, composto por servidores do Ibama, comandado pelo então superintendente regional do órgão e que solicitava vantagens indevidas para que os desmatadores não fossem responsabilizados”, completa.

Além dos quatro policiais militares do Amazonas, cinco servidores do IBAMA foram presos, cinco fazendeiros e quatro operadores de intermediar o pagamento das propinas entre os fazendeiros e os membros da quadrilha. Todos os servidores públicos tiveram o pedido de afastamento das funções pelo Ministério Público Federal.

Só em Rio Branco, foram cumpridos 15 mandados de busca — Foto Divulgação PF-AC
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