Uma cantora de 26 anos passou por constrangimentos e raiva na madrugada deste sábado, 27, ao solicitar uma corrida pelo aplicativo Uber para o Aeroporto Internacional de Rio Branco.
O motorista aceitou a corrida, iniciou a viagem, mas teria desistido ao saber do destino. A cantora e uma amiga foram deixadas em uma rua e ainda chamadas de vagabundas.
A cantora, que pediu para não ter o nome divulgado, explicou que solicitou a corrida ao terminar uma apresentação em um bar do bairro Vila Ivonete. Ela iria buscar uma amiga que estava chegando de viagem, com outra amiga. Segundo ela, o motorista aceitou a corrida sem perguntar o destino.
“O valor deu R$ 30,20 e todas as minhas corridas faço no cartão por segurança. Não sabia que o valor já era debitado antes do fim da viagem. Entrei no carro, andamos uns cinco minutos e aí ele perguntou se o destino era aquele mesmo. Confirmei que sim e falou que, infelizmente, não ia poder nos levar. Perguntei o porquê e ele disse que a gasolina estava muito cara, que ia precisar de um valor fora da corrida”, afirmou.
Motorista pode ser banido: ‘inaceitável’, diz Uber
Em nota, a Uber repudiou e disse que considera ‘inaceitável’ qualquer ato de violência contra mulheres.
“A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza. A Uber também encoraja que as mulheres denunciem qualquer violência às autoridades competentes e permanece à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei”, diz a nota.
A empresa enfatizou ainda que todas as viagens da Uber só podem ser feitas através do aplicativo e que o motorista só pode cobrar pelo valor calculado na plataforma. Casos como esse, segundo a empresa, podem levar o motorista a ser banido do aplicativo.
“A empresa ressalta que a cobrança por fora de qualquer valor diferente do que foi calculado pelo app e aparece na tela do usuário configura uma violação aos Termos e Condições da plataforma. Caso ocorra algum tipo de cobrança nesse sentido, o usuário pode denunciar o motorista parceiro pelo próprio aplicativo. Temos equipes e tecnologias próprias que analisam viagens suspeitas para identificar tais violações e, caso comprovadas, banir os envolvidos”, destaca.
Deixada na rua
A passageira questionou que o valor não tinha sido escolhido por ela, mas sim pela empresa. Ao perceber que não ganharia mais dinheiro pela corrida, o motorista teria solicitado que as amigas saíssem do carro. A cantora diz que ainda pediu para ser deixada em casa e não no meio da rua.
“Eram duas e quinze da manhã, estávamos em um bairro perigoso e duas mulheres no carro. Mandou a gente descer, falei que o valor já tinha sido debitado ou ele me devolvia o dinheiro ou me levava até a minha casa. Só não me deixasse na rua”, relembrou.
Mesmo diante do pedido, o motorista optou por deixar as duas mulheres e não concluir a corrida. Revoltada, a cantora começou a gravar um vídeo falando da situação, foi quando o motorista descer do carro e começou a xingá-la.
“Nem pra voltar e me deixar em frente ao bar. Desci, gravei um vídeo para ter uma prova do descaso de um motorista totalmente despreparado. Ele desceu do carro e veio para cima da gente bem agressivo, me chamou de vagabunda e outro monte de coisa”, contou.
Para chegar ao destino, a cantora solicitou outra corrida para o aeroporto, que foi aceita e concluída.
A passageira revelou ainda que é cliente há muito tempo da empresa, nunca teve problemas semelhantes, mas que pretende ir atrás dos seus direitos.
“Só fez isso porque eram duas mulheres, se fosse homem não teria feito. Sobre o aplicativo não tenho a reclamar, quando tenho problemas com uma taxa indevida, reclamo e eles reembolsam. Chego a fazer de 20 a 30 corridas por mês, sou cliente assídua. Entrei em contato com a Uber, que me ressarciu em R$ 10, e o valor da corrida vai ser estornado em até dois meses”, lamentou.
Prejuízos
Mesmo chegando ao destino, a cantora disse que teve outros prejuízos porque tinha alugado um carro em uma locadora para voltar com as amigas para casa. Porém, o veículo estava disponível apenas até as 3h, e como chegou atrasada ao aeroporto a cantora, teve que voltar que solicitar uma terceira corrida.
“Minha ideia era ir buscar a amiga de Uber e, na madrugada de segunda, já íamos retornar para o aeroporto. Além de ter me dado toda essa dor de cabeça, constrangimento, o risco que corremos e ainda me deu prejuízo financeiro”, criticou.
Ela explicou ainda que a revolta não foi pelo valor cobrado, mas pela situação de constrangimento que passou. A história foi contada em um desabafo em um grupo de uma rede social, que teve diversos compartilhamentos e relatos de outras vítimas.
“E se tivesse de viagem marcada? Teria perdido o voo. Infelizmente, às vezes as pessoas não se colocam no lugar das pessoas. Minha revolta não é pelo preço, nem a Uber, mas é para o motorista. Vou sim procurar meus direitos”, frisou.