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Exposição artística em São Paulo faz menção ao Acre

Em cartaz na Pinacoteca, em São Paulo, a exposição “Sopro”, do artista-plástico Ernesto Neto, faz menção ao Acre, em especial ao povo Huni Kuin. A obra concentra referências às três matrizes culturais que moldaram o Brasil: a indígena, a africana e a européia.

No local, o visitante encontra no centro, sobre o piso, um tapete com o mapa do Brasil rodeado de cores que aludem à presença dessas culturas com um alerta para se superar o paradigma da predominância do branco europeu.

Mas são as paredes que chamam atenção com padronagens elaboradas a partir das formas geométricas da bandeira que evocam o ambiente denso da floresta tropical, bem como o grafismo indígena. O losango com um círculo no meio é, para os Huni Kuin, o olho da curica, um pássaro que ajuda a ver mais longe.

Logo no texto de introdução do artista, ele agradece à imersão que fez na tribo indígena Huni Kuin, no Acre. “A convivência com eles me trouxe um entendimento profundo da espiritualidade, desta força de continuidade do ‘corpo-eu’ e do ‘corpo-ambiente’, e também uma base estrutural ‘espiritofilosófica’, além da compreensão de que há muito o que descobrir enquanto humanidade: quem somos? Onde estamos? Para onde vamos?”.

Desde 2013, Ernesto vem colaborando com os povos da floresta, principalmente a comunidade indígena Huni Kuin, também conhecida como Kaxinawá. A população dessa etnia, com mais de 7.500 pessoas, forma a mais numerosa população indígena do Acre.

Em viagem de férias a São Paulo, a fotógrafa Nayara Menezes, que mora no Acre, aproveitou para ir à Pinacoteca e disse ter ficado surpresa com o que encontrou lá. “Eu estava super ansiosa para conhecer a exposição do Ernesto Neto, que é um artista muito importante. Entrei na Pinacoteca encantada com a arte em si, com o material produzido. Fui ler a introdução da obra dele e aí foi a surpresa. Lá ele agradecia a experiência de processo de cura no Acre fazendo referência à tribo Huni Kuin. Eu achei isso maravilhoso. E a obra é toda voltada para o contexto mais meditativo, uma conexão com a natureza”, conta.

Sobre a experiência de ver um pouco da sua terra em uma grande exposição, Nayara Menezes revela ter ficado extremamente tocada. “Eu fiquei muito emocionada porque o Acre precisa saber do Acre. Essa é pelo menos a terceira exposição que eu vou que quando chego me deparo com inspirações acreanas. O Acre precisa saber que ele está nutrindo os artistas nacionalmente, internacionalmente e promovendo um material muito rico artisticamente. Isso é muito importante para que a gente valorize a nossa terra, o sagrado da nossa terra. A terra que a gente pisa, a terra que a gente dorme é sagrada e produz coisas belíssimas. Que a gente possa se conectar”.

A obra “Sopro” é completamente interativa, relata Menezes. “Tem um coração em que a gente entra nele e tem um tambor lá que imita o ritmo do coração. Tem uma obra que se chama Equilíbrio onde a gente veste o tecido e sente o equilíbrio um do outro”.

Para quem ficou interessado em conhecer mais sobre essa obra, a exposição ficará em cartaz na Pinacoteca, em São Paulo, até o dia 15 de julho.

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A Gazeta do Acre: