Caro (a) irmão (ã), leitor do Jornal A GAZETA, paz e bem! Venho neste número refletir com vocês sobre a urgência em edificar uma vida espiritual, a fim de poder dar testemunho de sua fé cristã, como homem ou mulher crente católico. Somos evangélicos por nossa natureza cristã, mas às vezes ainda, muitos não tomaram consciência, nem vivem como tal, ainda que tenham informações históricas sobre a vida de Jesus, mas que não constitui em seguimento fiel, testemunhal.
Não seguimos a uma ideia, uma filosofia, uma teologia, um vilto do passado! Seguimos a um Homem-Deus, Redentor e Senhor, que revelou o amor do Pai e como viver para Ele. Temos muitas ações pastorais que carece de vida espiritual de qualidade. Muita ação de pastoralistas que padecem de uma vida espiritual insuficiente e incapaz de sustentá-los nos momentos de provações que a vida oferece. Daí a necessidade de se edificar uma vida espiritual capaz de orientar e sustentar nos momentos de prova. “Tudo, tanto alegrias como tribulações, recebo do Pai celeste com ações de graças; ele sabe perfeitamente o que mais nos convém. Por isso, sempre me alegro no Senhor, deplorando apenas não amar bastante” (São Conrado de Parzão OFM Cap).
A Igreja, hoje precisa de uma verdadeira e autêntica evangelização, que comece exatamente pela apresentação da pessoa viva de Jesus e que leve os evangelizados a ter uma “Experiência real da salvação em Jesus”, não de uma mera exposição histórica sobre sua pessoa. Não somos meros narradores de historias e propagadores de ideias religiosas, mas testemunhas tocadas e atraídas pelo Pai para Cristo.
O renascimento para uma vida nova é condição, sem a qual, não dá para edificarmos uma vida espiritual. Sem o nascimento, seguimos uma doutrina, uma ideia, uma instituição, ritos, incapazes de comunicar Cristo vivo e seu Reino. Pomos remendo velho em pano novo! Maquiamos o homem velho disfarçado em homem novo.
A base insubstituível do cristianismo é Cristo. Quer dizer, ter um encontro e um relacionamento pessoal, através da fé e da conversão. Nosso erro pedagógico na pastoral, é que primeiro “catolicizamos” antes de cristianizarmos. Insistimos primeiramente em ensinar e catequizar sobre todas as verdades da Igreja Católica, mas sem o princípio que Jesus ensinou a Nicodemos: É preciso antes nascer de novo! O Essencial não é ser “Mestre em Israel”, mas aceitar e viver a Boa Nova da Salvação em Jesus. Sem esse ponto de partida, tudo que se edifique, sobre isso, seja catequese, moral, teologia e mesmo qualquer tipo de compromisso apostólico ou social será construir sobre a areia.
Edificar uma vida espiritual é, então, buscar levar uma vida em comunhão com o Senhor. Fazer com que atos, palavras e pensamentos, sirvam para fazer Cristo amado e louvado. Fazendo tudo para agradar ao Senhor num culto espiritual da vida. “Nossa vida, todo o nosso ser deve ser um grito de Evangelho. Vamos gritar o Evangelho de cima dos telhados. Tudo em nós deve transparecer Jesus: os nossos atos, nossa vida inteira, devem proclamar que somos de Jesus, ser o espelho de uma vida evangélica. Todo nosso ser deve ser uma pregação viva, um reflexo de Jesus”. (Carlos de Foucauld).
Para atingir tal fim, primeiro, devemos confiar mais na Graça de Deus, do que em nós! Depois, colocar em pratica, os meios de crescimento espiritual, para não deixar secar em nossa alma, a afeição pelo Senhor.
Apresentarei 04 meios de crescimento espiritual, que está ao alcance de qualquer pessoa, que quiser levar a sério a edificação de uma vida espiritual de qualidade; volto a insistir que esses meios serão eficientes se tiver acontecido o “encontro com Cristo vivo” na vida da pessoa.
1- ORAÇÃO PESSOAL: é uma conquista de cada dia. A oração não cai pronta do céu. É possível que uma pessoa conheça tudo sobre oração, com a inteligência, e mesmo assim não saiba rezar com a abertura do coração. Muitas vezes, o tempo consagrado à oração pessoal parece longo e interminável. A pessoa não sabe o “que” rezar e nem como. Tenha a decisão transformada em convicção de rezar e aguarde o Senhor no encontro diário. Sem essa decisão, não haverá perseverança, e nem conversão.
2- LEITURA DIARIA DA PALAVRA: Quando se adquiri novamente a confiança na Oração, a alma é preenchida por uma espécie de bem estar-estar, de serenidade e de paz interior. Por isso vem o alimento poderoso da Palavra-Pão, que vai transformando a alma e trazendo vibração interior, sandando dúvidas, fortalecendo a fraqueza humana. A Palavra inicia a missão de transformar a pessoa pela iluminação.
3- UMA VIDA SACRAMENTAL SUFICIENTE: Na oração dois amigos se olham e se entendem. Alimentada e instruída pela Palavra, a pessoa é levado a celebrar com os irmãos sua fé comum: a Santa Missa dominical e a confissão. A vida sacramental, suficiente, significa aprender a guardar o 3° mandamento como norma e vida; a confissão como avaliação, misericórdia, orientação espiritual: renovação da Graça Santificante.
4- A DEVOÇÃO A MARIA: a união com Deus é entrar em seu mistério que envolve: fatos, pessoas, a historia salvífica! Tudo concorre para bem daqueles que amam a Deus! Maria, a filha e serva do Pai Celestial; a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo; a Esposa do Espírito Santo; a primeira Cristã; tem um ensinamento para nós em sua escola: “Fazer tudo o que seu Filho disser”. Por isso contemplando sua vida e seu exemplo, orando com ela, podemos progredir no conhecimento sobre Jesus “guardando tudo em nosso Coração”. O Terço, as ladainhas, os ofícios de Nossa Senhora, podem ser instrumentos de ajuda na nossa constante conversão.
Meu(minha) irmão(ã),toda vida espiritual parte do “toque” que recebemos do Senhor. Da nossa convicção, de que, queremos percorrer esse caminho de comunhão. Edificar uma vida espiritual exige decisão-convicção. Será uma batalha espiritual, constante, até o último suspiro nesta historia de salvação. Boa batalha! PAZ E BEM!
(*) Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap.
Guardião do Convento Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri – MG.
Colaborador do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana
Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco – AC.
Encontro todo 3º domingo do mês, na Paróquia Santa Inês, às 7h.