Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), canonizada recentemente pela Igreja Católica, por vontade e providência de Deus e decisão do Papa Francisco, é um dos raros exemplos de vocação religiosa cristã, que copiou os métodos do Senhor Jesus Cristo. Pois, é notória, nos Evangelhos, que a presença de Jesus Cristo, na província de Nazaré, foi à presença de um pobre entre os pobres. Deus fez com que seu filho nascesse num contexto de pobreza total e vivesse em condições humilhantes, para as condições de vida moderna. Foi um cidadão pobre numa província pobre do tributário Império Romano.
O testemunho do Monsenhor Sérgio Costa Souto Sacerdote da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, por exemplo, diz que “Madre Teresa vivia para estar junto dos mais pobres e cuidar destes”. Em outras palavras: Madre Teresa ia ao encontro dos nossos irmãos sofridos; ficava ao lado dos mais inditosos, tinha afinidade com os pobres na esperança de poderem almejar melhores dias, dando sentido à missão da igreja cristã. Seguia a máxima: devemos valer ao que sofre, e nunca desampará-lo!
O exemplo de dedicação de Santa Teresa pelo pobre e o método que usou, refletida no Senhor Jesus Cristo, foram incompreensíveis para a maioria dos seus contemporâneos legalistas e, lamentavelmente, parece que ainda é, hoje, para alguns líderes de igrejas modernas. Igrejas, pelo que se pode observar in loco, por suas ostentações terrenas, que não tem o perfil dos que vivem em pobreza, não tem a cara das vítimas da sociedade e, nem de longe se parecem com os abandonados e explorados pelos poderosos.
Quando professor, em escolas teológicas, sempre que possível, fazia menção de São Francisco, da cidade de Assis/Itália, como aquele que melhor entendeu e praticou o ministério do Senhor Jesus Cristo. O santo de Assis, só cometeu um engano: Queria sofrimento igual ao do Seu Mestre Jesus. Minhas escusas por esta digressão.
Então, pelos exemplos de São Francisco de Assis e, mais recentemente, de Santa Madre Teresa de Calcutá, deveria ser óbvio que a opção preferencial pelos pobres é uma das mais sublimes vocação da igreja cristã, no mesmo nível daquelas que antigamente definíamos como vinculada, santa e apostólica. Portanto, uma Igreja que na prática negue que essa opção não é parte constitutiva de sua missão, seria herética, por estar falsificando um dado intrínseco de sua própria essência.
Nunca é demais repetir que, em relação aos despojados, a liderança Cristã dos nossos dias, antes de tudo, precisa se inclinar na direção das necessidades dos pobres e, depois repensar seus métodos sofisticados, próprios do século 21.
Corrobora com esta linha de pensamento, a fala do teólogo Leonardo Boff em dizer: “Sinceramente, creio que a opção da Igreja pelo pobre, significa a mais importante transformação teológico-pastoral acontecida desde a Reforma protestante do século XVI. Com ela se define um novo lugar histórico-social a partir do qual a Igreja deseja estar presente na sociedade e constituir-se a si mesma, a saber, no meio dos pobres, os novos sujeitos da história”.
Francisco Assis dos Santos*
*HUMANISTA. E-mail: [email protected]