O Ministério Público do Acre acompanha o caso de três adolescentes, uma de 16 e duas 14 de anos, que foram recrutadas no estado para exploração sexual no estado de Rondônia. As meninas trabalhavam em um bar de uma mulher de 39 anos, que as mantinha presas no local.
No início de julho, uma das meninas teria conseguido fugir do local e procurou a Polícia Militar para pedir ajuda. A mulher foi presa em flagrante e as meninas encaminhadas de volta para o Acre, segundo informou a delegada responsável pelo caso, em Porto Velho, Janaína Xander.
“A mulher foi presa em flagrante e continua presa. Agora a gente investiga se havia outras pessoas envolvidas. E se essas pessoas têm relação com outros estados, inclusive, o Acre. Porque não foi ela quem abordou as meninas, foi outra pessoa que abordou e trouxe para ela”, pontua a delegada.
A partir do flagrante, as adolescentes foram encaminhadas, pela Justiça de Rondônia, ao Conselho Tutelar, que enviou as três de volta para o Acre, segundo explica promotor Mariano Jeorge Melo, responsável pela 1ª Promotoria Cível de Rio Branco, que tem atribuição para o combate aos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes e acompanha o caso no estado.
“Com a vinda dos relatórios para mim, tanto de Porto Velho quanto do Conselho Tutelar daqui, entrei com a medida de proteção das três adolescentes para depois a gente encontrar os familiares. A medida é justamente para isso: encontrar os familiares, procurar pai, mãe, um irmão, tio, algumas referências”, explica o promotor sobre os primeiros atos.
Fuga
O promotor diz que a determinação era que familiares fossem encontrados para que as meninas fossem devolvidas. Mas, assim que chegaram ao Acre, elas foram levadas inicialmente para um abrigo e acabaram fugindo do local.
“Se evadiram. Lá não é prisão, não tem segurança, é um abrigo. Duas delas já não tinham mais contato com a família, perderam o elo porque já estavam há algum tempo fora de casa”, disse o promotor.
Com a fuga das menores, o promotor disse que foi expedido o pedido de medida protetiva e aguarda a expedição de mandado de busca e apreensão da justiça do Acre para que essas menores sejam encontradas e levadas de volta para as famílias e também devem ser acompanhadas através da promotoria e do Centro de Atendimento à Vítima (CAV).
Conforme as informações repassadas por Melo, uma das meninas tinha sido levada há, pelo menos, três anos. As outras duas, o promotor disse que não tinha sido informado sobre quanto tempo elas foram aliciadas.
A investigação do crime ocorre toda em Porto Velho, mas o MP-AC acompanha através de relatórios. Por esta razão, o promotor disse que ainda não é possível afirmar que exista uma rede de aliciamento de menores entre os dois estados.
“Pode se descobrir que tem mais um elo aqui e pode ter alguém que esteja encaminhando essas meninas para lá. A gente vai pedir informações de lá para saber dessa mulher. Porque pode ser só ela e pode não ser também”, disse.
Longe da família
A delegada Janaína Xander diz que as meninas são tiradas do convívio da família para que elas não tenham a quem recorrer.
“Tanto que tiraram elas daí [do Acre]. E é possível que tirem daqui [Rondônia] para locais mais longe para a exploração sexual”, explica.
Flagrante
A delegada informou que durante o flagrante, a mulher se negou a falar e não passou informações à polícia sobre quem seriam as pessoas que teriam ajudado a levar as meninas do Acre.
“As meninas confirmaram que elas foram aliciadas para vir trabalhar em Rondônia, algumas sabendo que era para exploração sexual, outras não. Mas elas não sabiam que ficariam praticamente presas no local e qualquer coisa que elas quisessem fazer, teriam que pagar multa”, disse a delegada.
Ainda de acordo com a delegada, na prática, nunca é como os aliciadores prometem. As meninas eram induzidas ao consumo de bebida alcoólica e tudo que consumiam eram obrigadas a pagar.
Além disso, a polícia investiga se há outras meninas fora as que foram resgatadas.