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Após 27 anos da morte de Edmundo Pinto, crime é marcado por controvérsias e mistérios

FOTO/DIVULGAÇÃO

A GAZETA foi até o Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados para ter acesso ao relatório da CPI da Pistolagem que contesta a versão da polícia e da justiça paulista. Edmundo Pinto foi morto por encomenda, diz relatório.

Este ano marcou os 27 anos da morte do então governador do Acre, Edmundo Pinto. Para lembrar o caso, A GAZETA foi até Brasília, ao Centro de Documentação e Informação (Cedi), da Câmara dos Deputados, em busca do relatório da CPI que analisou diversos casos de pistolagem no Brasil, entres eles o caso Edmundo Pinto, morto em um dos apartamentos do Hotel Della Volpe, em São Paulo.

O relatório, assinado pelo então deputado Edmundo Galdino, diz que não restam dúvidas de que Edmundo Pinto foi morto por encomenda. O relatório contraria o entendimento da polícia paulista e do Judiciário, que defenderam a tese de latrocínio. Nos dois meses em que a CPI ficou instalada, os parlamentares interrogaram os três acusados de terem assassinado o governador acreano.

“Esta Comissão deslocou-se a São Paulo, em diligência, e interrogou os acusados pela morte de Edmundo Pinto; dessa diligência e da análise que houve, neste caso, mais um crime de pistolagem, apesar do entendimento do Ministério Público e da Justiça paulista de que se tratou de latrocínio. Ora, a par das circunstâncias que envolveram o crime, parece evidente que quem mata para roubar não deixa de levar o relógio caríssimo que a vítima ostentava no pulso, nem “esquece” os milhares de dólares que estavam na gaveta”, diz o relatório, apontando para crime de pistolagem.

Em outro trecho do relatório, Edmundo Galdino, relator da investigação, acrescenta que o inquérito instaurado para apurar a morte de Pinto foi “com demasiada pressa” e destaca que o Ministério Público “interessou-se apenas em obter a maior pena possível para os autores materiais do crime. Daí a sustentação da tese – acolhida pelo Judiciário – do latrocínio”. Em outras palavras, apenas os algozes de Edmundo Pinto sofreram punição pelo crime, ficando os mandantes impunes.

Um fato curioso a citar, que também foi lembrado em reportagem da Folha de S. Paulo, é o incêndio no prédio da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), exatamente 17 dias antes da morte de Edmundo Pinto, no Della Volpe em São Paulo. Naquele ano, os deputados estaduais instalaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar superfaturamento nas obras do Canal da Maternidade. Edmundo Pinto depôs à CPI.

A GAZETA buscou pelo relatório na Aleac, mas foi informada que tal documento, que poderia esclarecer muito do que realmente estava para acontecer com Edmundo Pinto, havia se perdido com o incêndio que atingiu o antigo prédio da Casa do Povo, em 1992. Sobre o incêndio no prédio, a perícia concluiu que um problema em um ar-condicionado teria causado o sinistro.

Recentemente, o filho de Edmundo Pinto, o ex-vereador de Rio Branco, Rodrigo Pinto, afirmou que protocolaria recomendação junto ao Ministério da Justiça para que o ministro Sérgio Moro autorize a reabertura do caso e investigue a participação de grandes empreiteiras na morte do pai.

De acordo com informações também arroladas na CPI, Edmundo Pinto denunciaria o esquema de superfaturamento do Canal da Maternidade envolvendo a liberação de recursos do FGTS. É importante citar que a licitação do Canal foi suspensa e só em 2000 a Justiça, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), condenou a Caixa Econômica Federal a executar o financiamento da obra, já no governo de Jorge Viana (PT), por R$ 30 milhões.

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