A Justiça Eleitoral do Acre cassou o mandato do prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro (PP), e do vice-prefeito, José de Souza Lima, o Zequinha Lima. Na mesma ação, o juiz substituto da 4ª Zona Eleitoral, Erik da Fonseca Farhat, tornou inelegível, além de Ilderlei e Zequinha, o ex-prefeito de Vagner Sales, Edson Firmino de Paulo e Mário Vieira da Silva Neto.
Eles foram condenados por abuso do poder político e econômico nas eleições de 2016. Consta na sentença que Clebisson Silva Freire, “então candidato a vereador pelo PSDB, encontrava-se no interior de determinada agência bancária quando foi abordado por Edson Firmino de Paula, que iniciou conversa acerca da candidatura de Clebisson, no intuito de afastá-lo da disputa, convidando-o, logo em seguida, para “resolver” a situação naquele mesmo momento”, diz trecho do texto judicial.
Edson Firmino teria levado Clebisson Freire até a Secretaria de Assistência Social de Cruzeiro do Sul/AC, onde se encontraram com Mário Vieira da Silva Neto, então chefe de Gabinete do prefeito, e Vagner Sales, prefeito à época, filiado ao MDB. Durante o diálogo, os demandados Vagner Sales e Edson Firmino de Paula teriam tecido considerações diversas para que o candidato a vereador, Clebisson Silva Freire, desistisse de sua candidatura, lançada por coligação adversária (Coligação Cruzeiro em Boas Mãos), e passasse a apoiar a coligação liderada pelo MDB (Coligação Juntos por Cruzeiro), que promovia as candidaturas dos demandados Ilderlei Souza Rodrigues Cordeiro e José Souza Lima aos cargos majoritários de prefeito e vice.
“E, para tanto, o demandado Vagner José Sales ainda teria oferecido a Clebisson Silva Freire a importância de R$ 5.000,00 em espécie, além de cargo na administração pública municipal. Em reforço à investida, o demandado Edson Firmino de Paula, que era filiado ao PSDB, teria afirmado que ele mesmo havia desistido de sua candidatura em troca de cargo na Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de 20 lotes de terra. Ainda segundo a inaugural, na mesma ocasião o demandado Vagner José Sales teria mantido contato telefônico com o demandado Ilderlei Souza Rodrigues Cordeiro, tendo este logo em seguida chegado à sede da Secretaria onde estava havendo a reunião e anuído com todo o pactuado, se prometendo a cumprir o ajuste caso fosse eleito”, relata a sentença acerca da participação de Ilderlei Cordeiro na trama para beneficiar sua candidatura.
O magistrado diz, ainda que, Clebisson Freire resolveu denunciar o grupo e buscou a Polícia Federal, que fez campana perto da casa de Edson Firmino de Paula. O grupo condenado já teria editado um termo de renúncia para que Clebisson assinasse, mas foram surpreendidos pelos federais no ato.
O juiz Erik Fonseca inocentou o vereador Romário Tavares (MDB) por não haver provas para a condenação dele. O magistrado diz que, com a condenação do prefeito e do vice, Cruzeiro do Sul poderá ter uma nova eleição ainda este ano. Mesmo com a condenação e a perda do mandato, Ilderlei e o vice permanecem nos cargos.
O processo segue para o Ministério Público Eleitoral, para que seja instaurado “processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, caso já não tenha sido instaurada. Por fim, nos termos do artigo 224, § 3º, do Código Eleitoral, independentemente do número de votos anulados, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta a realização de novas eleições”, escreveu juiz substituto da 4ª Zona Eleitoral de Cruzeiro do Sul.
O que diz Ilderlei Cordeiro
Assim que a decisão foi publicada no Diário Oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AC), o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro, concedeu coletiva à imprensa para falar acerca da decisão. Disse ser inocente e que provará isso.
“Sou inocente e vou provar isso. Eu pedi que a Justiça fizesse perícia nos áudios para comprovar o momento em que entrei na sala onde havia a referida conversa e vou provar que não participei de nenhum ato ilícito. Estou tranquilo porque confio na Justiça da terra e na de Deus”, disse Cordeiro.
O prefeito falou que sua defesa vai entrar com recursos para reverter a decisão, mas acrescentou que ele continua no cargo. Demonstrando perseguição, Ilderlei Cordeiro, que é evangélico, disse que tem orado pedindo proteção divina.
“Estou em paz. Oro para que Deus nos proteja de tudo e todos que queiram afetar a nossa imagem. A palavra de Deus é muita clara: amar ao próximo. Estou confiante e com a consciência tranquila porque sei da minha inocência”, relata o gestor.