Rbtrans contabiliza 95 arrastões aos transportes coletivos este ano; motoristas planejam paralisação.
Um ônibus que faz a linha Instituto Federal do Acre/Universidades foi alvo de mais um arrastão na noite de segunda-feira, 8. A cena já se tornou rotineira em Rio Branco. Dados da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (Rbtrans) apontam que só este ano já foram registrados 95 arrastões em transportes coletivos.
No começo desta semana, o Jornal A GAZETA conversou com o presidente do Sindicato dos Motoristas, Francisco Leite Marinho. Ele afirmou que toda a categoria está preocupada com a falta de segurança no interior dos veículos. Diante disso, o próximo passo será convocar assembleia geral. A ideia de fazer uma paralisação de protesto não é descartada.
“Temos ido a todos os lugares, entrado com ofício, pedido reunião, já fizemos de tudo. A única coisa que falta é parar os ônibus. Temos que tomar uma decisão. Vou ter que convocar o pessoal. Temos que fazer alguma coisa, paralisar pelo menos por uma ou duas horas, porque a situação está difícil. Está todo mundo assustado. A situação é muito séria”, relatou.
Por medo, usuários deixam de utilizar transporte coletivo
Ônibus lotados de passageiros com bens materiais e sem qualquer tipo de segurança, seja ela privada ou proveniente dos órgãos públicos, tornou-os alvos fáceis para os bandidos.
O medo é real e constante. Cansadas dessa realidade, algumas vítimas têm tomado uma atitude radical: abandonar o serviço de transporte coletivo.
Foi o que fez a empregada doméstica Clícia Lima, 25 anos, moradora do bairro Conquista. Sem condução própria, de segunda a sexta-feira, ela utilizava o ônibus para poder ir e vir do trabalho, mas, após inúmeros arrastões, decidiu procurar outro meio de transporte. “Agora eu pago uma pessoa para me deixar e me buscar no meu trabalho de moto. Eu repasso para essa pessoa o dinheiro do vale-transporte. E tem muita gente fazendo isso”.
Clícia conta que se sentia insegura, principalmente nas paradas de ônibus, onde, constantemente acontecem assaltos. “Ficar nas paradas é um perigo, pois nem sempre os ônibus param. Esses terminais de integração também não oferecem segurança”, relata.
Rbtrans pede reforço à Secretaria de Segurança
O superintendente da Rbtrans, Anastácio Marinho, explica que em março deste ano houve uma reunião com representantes do sistema de transporte e da Secretaria de Segurança. Logo em seguida, o número de ações dentro dos veículos aumentou, fazendo reduzir o índice de assaltos.
“Montamos uma estratégia para tentar minimizar esses transtornos e, a partir daí, reduziu. Mas, no momento em que as operações diminuíram, os crimes voltaram a crescer”.
Marinho reconhece que a segurança dentro dos ônibus também é responsabilidade do Município, mas destaca que os crimes ocorrem diariamente dentro e fora dos ônibus, em toda a cidade.
“A Rbtrans não está fora dessa obrigação de tentar encontrar soluções para segurança no interior dos veículos. Mas essas são ações que implicam diretamente na Segurança Pública. Precisamos entender que os assaltos, furtos e roubos não estão acontecendo somente no interior dos ônibus, mas em toda a cidade”, destaca.
Ainda segundo o superintendente, na última sexta-feira, 5, a Rbtrans encaminhou um ofício com o número de ocorrências registradas este ano. Fato este que deixou em alerta a equipe de segurança.
“Já no fim de semana, a polícia iniciou as operações nas linhas de ônibus tentando reduzir esses índices. Tanto em março como na sexta, mandamos imagens das ações no interior dos ônibus. Com relação às imagens de março, houve prisões de grupos que estavam praticando ações em linhas específicas. Esperamos que, com as imagens encaminhadas na sexta, o sistema de segurança possa identificar e prender essas pessoas”, finaliza.