De janeiro a julho de 2019, Rio Branco registrou 111 ocorrências de pessoas desaparecidas. Os dados são do Setor de Estatísticas da Polícia Civil do Acre.
Em 2018, durante todo o ano, houve um total de 170 registros de desaparecidos. Em 2017, a Capital registrou 130 casos.
Segundo o delegado responsável pelo Departamento de Polícia Civil da Capital e Interior, Pedro Buzolin, a maioria desses desaparecimentos não está ligada a facções. Apesar da sensação de aumento nos casos de pessoas sumidas por envolvimento com o crime organizado, ele garante que mais da metade são de jovens que fogem com o namorado, por exemplo, ou por motivos diversos. “Esse tipo de coisa aumentou realmente de 2016 para cá. Contudo, mais de 90% desses desaparecimentos não são crimes”.
Buzolin explica que não dá para ter exatidão sobre os desaparecimentos ligados à guerra entre facções que explodiu em Rio Branco, pois o controle de dados ainda é muito recente. “A gente não fazia um estudo específico de desaparecidos. Não tínhamos metodologia de trabalho em cima de incidência de desaparecidos, porque não é um quantitativo muito grande”.
O delegado explica, ainda, que o desaparecimento por si só não é crime, mas, apesar disso, a polícia faz todo um trabalho investigativo quando há suspeitas de que a pessoa tenha sido vítima de sequestro ou homicídio. “Havendo uma execução com ocultação de cadáver, a gente passa a investigar não o desaparecimento, pois em si não é um fato típico, não é crime. Não existe o crime de desaparecimento. O que existe é o crime de sequestro, de homicídio. Havendo indícios de que essa pessoa possui inimigos, que existe alguma chance de ela ter sido vítima de execução, aí passamos a investigar o crime de homicídio ou de sequestro”.
O trabalho investigativo da polícia já salvou vidas. Buzolin recorda de um específico e que o marcou muito. “Ano passado, eu participei de uma ação em que tiramos uma pessoa que seria executada e que estava sendo torturada. Conseguimos retirar ela e evitar a morte”.
Além de combater a expansão das facções no território acreano, a polícia enfrenta diversas dificuldades. Um desafio, segundo o delegado Pedro Buzolin, é afastar os jovens, na sua maioria com idade inferior a 30 anos, dessa triste realidade. “O desafio é justamente desestimular que as pessoas ingressem nessas organizações criminosas. A grande maioria ingressa pensando que vai haver algum benefício e acaba só se prejudicando. Não lucram nada com isso. Não traz nenhum benefício para a vida, muito pelo contrário”.