O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC), Assuero Veronez, comentou sobre a onda de incêndios que se alastrou pelo País, sobretudo nos estados da Amazônia. Assuero Veronez saiu em defesa dos produtores rurais e do governo brasileiro. Disse que o Brasil está sendo vítima da desinformação patrocinada por organismos internacionais que buscam enfraquecer o governo. Ele citou exemplos de incêndios da Califórnia (EUA) e na Europa, como em Portugal, Espanha e Grécia, mas que não têm tanta repercussão como se tem com os incêndios na Amazônia.
“O fogo, quando ocorre, e que se perde o controle, vira um incêndio. Isso nós temos vistos na Califórnia pela televisão sem nenhuma escandalização como está sendo feito agora com o Brasil, onde queimaram 300 mil hectares na Califórnia, queimaram cidades inteiras, mais de 100 pessoas mortas. Que dizer, um problema maior que não tem uma divulgação negativa, pejorativa, como está sendo feito no Brasil. Mesma coisa com Portugal, onde morreram mais de 70 pessoas, Espanha, Grécia e agora nesse mesmo momento lá no Ártico, as florestas da Rússia. Problemas gravíssimos que a gente não vê essa repercussão. Por que não vê? Porque nós estamos assistindo um fenômeno político-ideológico. Um enfretamento político-ideológico que está ocorrendo no País. E as ONGs e a grande mídia faz questão de divulgar negativamente todos esses fatos, prejudicando a imagem do País, difamando o País no exterior”, pontua.
Alto preço
Para Assuero, os produtores rurais pagam um alto preço para manter o fogo distante das propriedades. Ele destaque que a maioria dos focos de calor se concentra ao longo das margens das rodovias, em áreas que são de responsabilidades dos governos estaduais e federal, para mantê-las limpas. Ocorre que isso não acontece e o fogo chega às fazendas, impondo ao dono da terra a árdua missão de impedir o avanço das chamas nas pastagens e em áreas de reserva legal das propriedades.
“Fazendeiro não queima propriedade, ninguém queima o seu bem. Ninguém queima seu instrumento de produção. Como que eu vou queimar as minhas pastagens se eu tenho os meus animais, por mais que estejam ruins as pastagens nessa época, secas, mas isso alimenta os animais. Então, a nossa luta, do fazendeiro, é não deixar entrar fogo, e fogo que surgem das mais diversas origens: seja das margens das rodovias, onde as pessoas por descuido acabam incendiando; seja nas pequenas propriedades, os pequenos produtores nos assentamentos, que esses sim, todo ano desmata um pouquinho para a questão da subsistência e precisam queimar para fazer o seu plantio anual; seja de aldeia indígena; ou de algum produtor maior que tenha tido uma licença para desmatar e desmatou. E, quando desmata precisa queimar. Em anos com o clima desfavorável como esse, temperaturas altas, umidade relativa do ar muito baixa e ventos, fogo é um perigo”, lembra Veronez.
Vítimas do processo
O presidente de uma das maiores federações do Acre seguiu pontuando que “a maioria dos fazendeiros é vítima desse processo. Nós não somos algozes. Nós não somos os que tocam fogo em tudo, pelo contrário. Nós estamos vítimas, por que mais que a população urbana que tem que respirar a fumaça, nós também temos que respirar essa fumaça, mas além disso, nós temos o prejuízo material. Então, é uma luta mantém o fogo distante da tua propriedade nessa época, fazendo acero, colocando gente para cuidar a noite toda. Então acusar o agronegócio da responsabilidade sobre essa situação é um erro. É criminalizar indevidamente o agronegócio, que pelo contrário do que se diz é mais vítima do que algoz nesse processo”.
Em entrevista concedida A Gazeta, Assuero Veronez acrescenta que o Brasil tem uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo. Ele destaca que o novo Código Florestal foi uma conquista dos brasileiros e sobretudo daqueles que lidam com a terra. Para Veronez, o Brasil tem sido vítima de uma campanha difamatória orquestrada pelas ONGs e apoiada pela grande mídia.
“O fato novo é que temos um governo novo que resolveu enfrentar as ONGs ambientalistas cortando as verbas do Fundo Amazônia porque era uma “festa”, onde 80% dos recursos dessas ONGs eram gastos com funcionários e apenas 20% ou menos chegavam na atividade fim. E esses recursos foram cortados e aliados às ONGs, nós temos uma mídia, a grande mídia nacional desfavorável ao setor, sempre foi, e também se aliou a essas ONGs para combater o governo. Então, nós estamos assistindo um momento totalmente desproporcional, de uma crítica nacional e internacional desproporcional àquilo que realmente está acontecendo”, relata.
Faltou um plano
Ao final, Assuero Veronez acentua que espera que tudo se resolva e governo, produtores rurais e ambientalistas sentem e discutam estratégias para o próximo ano. Na visão dele, faltou um plano de combate às queimadas no território nacional.
“A gente espera que esse momento passe e só vai passar com chuvas e assim que chover as coisas se acalmam. Acaba esse clima totalmente adverso. E a gente possa em um momento de mais serenidade, com dados mais coerentes, mais concretos e exatos para discutirmos esse assunto para evitar que no ano que vem tenhamos um plano preventivo para não sermos atacados dessa maneira”, disse Veronez.