Na década de 60, os moradores da então pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia, nos Estados Unidos, passam a ficar aterrorizados com o comportamento estranho de pássaros que começam a atacar pessoas. Esta história é contada no filme Os Pássaros (1962), uma obra-prima do cinema, do celebrado diretor Alfred Hitchcock.
Na vida real, os pássaros geralmente não fazem mal ao ser humano intencionalmente, ao contrário, são sinônimos de alegria e esperança quando visitam comedouro para pássaros instalados em muitas residências que apreciam a visita bichinhos de diversas espécies.
Mas de acordo com especialistas em vida selvagem, os ataques de pássaros às pessoas estão se tornando mais recorrentes conforme as pessoas continuam a se aproximar dos lugares onde aves fazem ninhos.
Recentemente, a americana Mary Heiman relatou ao jornal Denver Post que estava passeando perto de um lago na cidade de Denver, no Estados Unidos, quando um pássaro começou a voar ao redor de sua cabeça. Antes dela entender o que estava acontecendo, o animal “bateu com o corpo contra a parte de trás de sua cabeça, voou freneticamente e depois voltou para o mato”, contou a mulher à publicação.
De acordo com a diretora de conservação de aves da organização ambientalista National Audubon Society, Andrea Jones, casos como esses ocorrem quando os habitats das aves são invadidos, gerando mais interações entre humanos e pássaros.
Segundo Jones, a maioria dos incidentes são registrados quando as aves estão criando seus filhotes, pois elas se tornam mais defensivas nestes períodos, atacando inclusive animais maiores do que eles.
Além dos Estados Unidos, o problema também já foi registrado em outros países. Um homem de Prestatyn, no País de Gales, foi aconselhado por autoridades a usar guarda-chuvas após questionar o governo como evitar ataques de gaivota em torno de sua casa.
Já em Vancouver, no Canadá, os ataques de corvos já se tornaram frequentes. Uma das vítimas, Jim O’Leary, chegou a criar um site chamado CrowTrax para que os ataques sejam relatados. A plataforma já soma mais de 5000 relatos.
Na Austrália, durante a época de reprodução de uma ave chamada magpie (conhecida no Brasil como pega), os moradores começaram a compartilhar formas de evitarem ataques, dentre eles usar um pote vazio de sorvete na cabeça com os olhos desenhados, com intuito de confundir os bichos.
No Brasil, em 2013, uma escola localizada no Conjunto Campos Elíseos, bairro Planalto, na Zona Centro-Oeste de Manaus, funcionários, alunos e professores sofreram com ataques de dois gaviões, que viviam em um jambeiro no pátio da escola.
Na época o médico veterinário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Anselmo d’Affonseca, disse ao portal de Notícias G1, da Globo, que a presença de gaviões é comum em centros urbanos.
Ataques podem ser evitados
Ao contrário do que acontece no suspense de Hitchcock, geralmente conviver perto de aves não precisa gerar pânico. Caso a pessoa se veja numa situação em que pode ser atacado, especialistas orientam a deixar a área do ninho. “Desde que as pessoas respeitem seu espaço, não acho que haverá uma epidemia de ataques de aves”, afirmou Andrea.
Um dos pontos apontados para esses registros de ataques são as mudanças climáticas, que estão reduzindo o habitat das aves.