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O papel da Igreja no setembro amarelo

Querido (a) leitor (a) do Jornal A GAZETA, Paz e Bem. Estamos vendo pelas redes sociais, várias campanhas referentes ao “Setembro amarelo”. Muitas pessoas ainda não sabem o significado apesar de ser algo muito importante para todos nós. Tendo em vista o crescente número de suicídios em nosso país, a sociedade, bem como algumas instituições governamentais e não governamentais, resolvem dedicar o setembro à cor amarela e à prevenção de mais casos em que pessoas perdem o sentido de suas vidas e acabam por se matarem.

Antes de tudo, essa campanha quer trazer o assunto do suicídio para a discussão popular com o intuito de prevenir mortes que poderiam ter sido evitadas. A quantidade de vidas perdidas ultrapassa o número de vítimas da AIDS e de alguns tipos de câncer. Ou seja, tornou-se alvo de preocupação por comprometer tantas pessoas de diversas idades, classes sociais, cores etc. É hoje um assunto de saúde pública. Mas sabemos bem, que esta é uma realidade extremamente latente em nossa sociedade, tendo em vista que o Brasil está no ranking dos dez países do mundo com mais casos de suicídio.

O setembro amarelo vem para reforçar cada vez mais a valorização da vida! A depressão, o mal do século, vem atingindo muitas pessoas, por diversas causas sociais e isto pode gerar sérios problemas para o indivíduo. É preciso que haja uma forte corrente, um mutirão de apoio a pessoas que se encontram neste estado psicológico e espiritual.

Depressão é doença espiritual?

Sim, a depressão é também uma doença espiritual, apesar de muitas pessoas quererem ignorar este fato. Temos, como cristãos, uma grande missão dentro desta realidade. Nós, que compreendemos a vida como dom de Deus, que só o próprio Criador pode conceder e tirar de nós esta dádiva, precisamos lutar contra esta cultura de morte que se implanta hoje em nosso meio, para que cada pessoa consiga enxergar o sentido de sua vida e não a desperdice.

A fé protege contra o desespero

“As convicções e práticas religiosas podem ajudar as pessoas a fomentar um sentimento de esperança, inclusive em meio a grandes adversidades ou crises”, disse o psiquiatra Aaron Kheriaty ao Los Angeles Times num artigo sobre pessoas religiosas e o suicídio. “A fé religiosa pode ajudar as pessoas a encontrar significado e propósito até mesmo no sofrimento”, acrescentou.

Os sinais

Existem pessoas que verbalizam suas dores e dão dicas de que pensam no suicídio, dizendo frases como: “preferia estar morta”, “não deveria ter nascido”, “o mundo seria um lugar melhor sem mim” ou até aquelas frases mais inocentes como “queria sumir” e “desejo dormir e não acordar mais”. Esses são alguns sinais de que o indivíduo não está bem e precisa de ajuda.

A Igreja Católica nos orienta, que cada um de nós devemos nos responsabilizar por sua vida diante de Deus. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. O cristão tem, além do dever cuidar de sua própria vida, a obrigação de propiciar ajuda solidária a quem precisa e contribuir para diminuir o número de suicidas. Engajar-se nas campanhas propostas pelo Setembro Amarelo, corresponde totalmente aos ensinamentos da Igreja Católica. O convite é para que não nos omitamos quando alguém ligar ou nos procura para conversar ou mesmo para desabafar sobre sua vida e atual situação.

A fé faz exatamente esta função de iluminar aquilo que está obscurecido ao nosso redor.

Sinta que tipo de oração a pessoa mais aceita e mais lhe faz bem; você pode usar a Bíblia, rezar um ou mais Salmos, meditar com a pessoa uma página do Evangelho, e sobretudo mostrar-lhe o amor de Deus nas palavras e atos de Jesus. Leve-a a ler a Bíblia.

Aos poucos vá tirando a pessoa de dentro de si mesma. Faça-a ver e ouvir os problemas dos outros e perceber que muitas vezes são maiores do que os seus. Leve-a a ajudar alguém de forma concreta e continuada. Ajude-a a fazer um programa de assistência a alguém que sofre ou a alguma instituição de caridade que nós assistimos em nossas ações pastorais.

Lembramos ainda, que é recomendado levar e incentivar a pessoa a fazer alguma atividade física, uma boa caminhada, um passeio de bicicleta, ginástica, etc., todos os dias, especialmente nos horários em que a depressão é mais dura. Isto desintoxica a pessoa. Mas lembre-se: você não é profissional da saúde e decretar se a pessoa já esta bem sem ter um acompanhamento especializado.

Por fim, vamos nos comprometer com esta luz amarela que se acende neste mês e que deverá perdurar todos os dias. Não se esqueça de sempre observar ao seu redor os irmãos que convivem com você, às vezes, eles podem precisar de ajuda. Ofereça abraços, ombros, ouvidos e coração! Seja um propagador da vida! Faça com que as pessoas optem pela vida, assim como Deus quer que façamos. Você pode procurar um profissional da psicologia/psiquiatra para também lhe auxiliar neste momento. Ou ligue para alguém, busque ajuda, vá a Igreja, converse com algum irmão ou mesmo com um sacerdote para um diálogo ou mesmo para confessar seus pecados e quem sabe, ser seu orientador espiritual. Reze ao Senhor. Ele nos conhece e nos sonda (Salmo 139). E que esta realidade obscurecida pela tristeza seja mudada pela luz da fé, do amor e da alegria.

Que Deus nos cumule dessa obra de misericórdia e nos capacite a amar e dar ao próximo um novo sentido de vida inserido na verdadeira Felicidade que vem do Alto.

Que seu coração seja de Paz e Bem.

 

(*) Frei Paulo Roberto, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos – OFM Cap. Guardião do Convento Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri – MG. Colaborador do Núcleo em Formação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular-OFS, na Diocese de Rio Branco – AC. Encontro todo 3º domingo do mês, na Paróquia Santa Inês, às 7h.

 

A Gazeta do Acre: