Pode-se dizer que nunca foi tão difícil ser professor como nos dias de hoje. A trajetória da profissão docente tem estreita ligação com a história da educação escolar e com os impasses e desafios por ela enfrentados. O professor tem papel fundamental na sociedade, uma vez que contribui para construção e formação do indivíduo, modificando qualitativamente o cidadão, proporcionando uma visão crítica e inovadora do mundo que o cerca. Ser professor nos dias atuais é um grande desafio, exige coragem, paciência, criatividade e empatia. O mundo pós-moderno, trouxe grandes transformações, no entanto, o sistema educacional continuou sem mudanças significativas, principalmente no que diz respeito a na valorização do proficiente e na preparação e formação dos educadores, que precisam atender as expectativas da função e instigar o conhecimento a uma nova geração.
O profissional, a pessoa em educação, em qualquer nível, tem como diretriz a formação de indivíduos, capazes de pertencer e atuar na construção da sociedade em que vive. As pessoas necessitam de referências, inicialmente dada pelos pais, mas que com o passar do tempo e o amadurecimento, principalmente crianças e adolescentes, buscam referenciais, modelos, para além do seio familiar, naturalmente. Estes modelos são buscados na escola e na sociedade. Neste ponto, os professores, em âmbito escolar ou livremente, são a ponte para uma sociedade sensível e consciente de seu papel transformador.
Sem educação o mundo não evolui, sem o professor nada acontece de bom no planeta. É o professor o construtor do mundo. Se o mundo não vai bem é porque o professor não está bem. A política brasileira tem sido cruel com os professores. Muitos de nós não temos vida própria, estamos correndo de um a outro lado, atendendo alunos e mais alunos. Muitas vezes nos falta tempo para a família, os amigos, o lazer, o estudo. São circunstâncias que despertam, em cada um, um sentimento que se chama angústia. Muitos dias as lágrimas inundam nossos rostos. Temos um salário aviltante que, por vezes, temos que escolher entre comprar um livro ou um alimento. Nesses instantes a gente se pergunta: até quando isso vai durar? Será quo Brasil irá, algum dia, valorizar e respeitar seus professores? Façamos essa uma reflexão.
Por tudo aqui escrito, acredita-se ser este dia ideal para agradecer por tudo aquilo que cada professor faz na formação das pessoas, pelo mundo afora. Por tudo que ensina em sala de aula, pelo modelo humano que deve ser fora da escola, com conduta séria, honesta e ética, pensamento voltado para a construção de um mundo melhor.
Paulo Freire, em pedagogia da autonomia, fala-nos de sonhos possíveis, que só podem ser alcançados por meio de uma educação que liberte. Neste caminho, este grande pedagogo, indica que o sonho só pode ser viável se o professor construir sua prática educacional pautada por uma constante avaliação sobre os limites de educar, visando a ampliar, constantemente, os espaços livres a serem preenchidos pelo viés de uma educação livre, colocando o professor como um dos pilares das transformações sociais.
É possível afirmar que muitos conflitos permeiam a função docente, haja vista a complexidade da nova sociedade globalizada, multicultural, assim como o avanço tecnológico. Esse fato expõe o atraso e as barreiras impostas pela deficiência educacional, considerando que o professor não dispõe de ferramentas adequadas para conseguir atrair o aluno a sua realidade, fato que resulta em alunos desinteressados e professores desmotivados, num sistema falho em aspectos metodológicos, estruturais, materiais e físicos. Desse modo, o Brasil precisa evoluir, no que diz respeito a suprir às necessidades exigidas e pautadas nos pilares da educação, para que assim esses profissionais venham ter um maior desempenho nas atividades que esse trabalho requer.
Somando a isso, fator importante, é o baixo salário e a desvalorização da carreira de professor. Assim, essa depreciação econômica e social, juntamente com o atual sistema educacional, contribui para professores com baixa autoestima, desvalorizados, embora dediquem os dias a ensinar. Com isso, a urgência de reformas que proporcionem novas metodologias e a devida valorização profissional, fará com que todos sejam beneficiados, tanto o educador como o aluno.
O esforço da profissão, neste contexto complexo, aponta um grupo de profissionais que começa a demonstrar visíveis sinais de esgotamento. MASLACHeJACKSON (Apud CODO, Wanderley, 1999, p. 238) apresentam a chamada síndrome de burnout (síndrome da desistência), que é definida como uma HAGEMEYER, R. C. de C. Dilemas e desafios da função docente na…Educar, Curitiba, n. 24, p. 67-85, 2004. Editora UFPR72reação à tensão emocional crônica gerada pelo contato direto e excessivo com outros seres humanos preocupados e com problemas. Tal processo de exaustão emocional, despersonalização e desistência da profissão, mesmo em atividade, já está presente em nossas escolas, ameaçando os objetivos da função docente e da própria educação escolar.
Nesse cenário, ser professor, no Brasil, não é tarefa difícil. São poucas as profissões que exijam tanto de alguém como o magistério, pois a empreitada do professor não termina quando deixa a sala de aula, ao toque do sinal sonoro a indicar o final da labuta do dia. Ao sair da sala ele leva consigo os alunos, no pensamento, como conduzi-los de melhor forma no caminho complexo e desafiador da vida e das profissões.
Deseja-se, com esta mensagem, tocar o coração de cada pessoa no país, a fazer reverência ao professor, dando-lhe apoio, esperança de que um dia, finalmente, o mundo saberá reconhecer o valor dessas incansáveis e admiráveis pessoas, na abnegação de um trabalho que forma os cidadãos para o mundo do trabalho. Ser professor é uma das profissões mais antigas e importantes que já existiu e existe. Ser professor é ter em suas mãos o poder de formar uma sociedade mais humana e conhecedora do universo. Então, é urgente uma política de valorização do professor. Qual político apresenta essa proposta ao país?
Feliz Dia do Professor!
Luísa Karlberg [email protected]