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E se? Será?

“E se a gente criasse uma startup para vender robôs, sofisticadíssimos, que pudessem ir por nós aos lugares que não queremos?”, me perguntou uma analisanda na última semana. Bem, ficaríamos milionárias, para começar. À medida em que a sessão avançou, ela deu detalhes da sua criação para a qual a primeira pergunta deixava implícita a nossa sociedade na aventura. Os modelos seriam alimentados pela expectativa do usuário a cada compromisso: fale com fulano, dance com sicrano, seja simpático, agressivo ou ‘importante’, mostre – ou não mostre – o que está se passando em tempo real. Um faça ou não faça cheio de poder que, inclusive, não conta com a participação de nem um outro ser vivo.

 

“E se o
aniversário
for seu e você se der conta de que todos os convidados não estão ali
de verdade?”

E se a ordem for seja importante, mas o aniversário for de um outro? Seja agressivo, mas o interlocutor se mostrar disposto ao diálogo? E mais ainda, quem nos garante que o interlocutor não é também um robô? E se o aniversário for seu e você se der conta de que todos os convidados não estão ali de verdade?
Será que já não estamos vivendo um pouco assim? Não em um evento cheio de robôs, mas em eventos em que nunca se ‘está de verdade’. Será que nossas reações e expectativas não andam meio pré-alimentadas, sem espaço para nem uma surpresa vinda de outro ser vivo? Será que faz sentido não ir e, ainda assim, assistir em tempo real?
E se a gente se responsabilizasse por nossas próprias criações? E se a gente escolhesse para onde quer ir? E se assumisse o ‘não vou’ com todos os seus efeitos? E se? Será?

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