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Ministro afirma que estudantes com baixo desempenho no Enade ‘não deveriam se formar’

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta sexta-feira, 4, que alunos com baixo desempenho no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) não deveriam se formar.
O Governo Federal estuda mudar o edital do exame já para o ano que vem para poder divulgar os melhores resultados, como forma de incentivo para que os estudantes se empenhem durante o exame, disse Alexandre Ribeiro Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enade.
As declarações foram dadas durante uma entrevista à imprensa na manhã desta sexta, 4, quando apresentava os resultados da avaliação.
“Não deveria ter o diploma. (…) Eu acho que quem faz 0 a 20% foi sabotar”, afirmou o ministro Abraham Weintraub.
O Enade é o exame aplicado pelo governo federal aos estudantes que estão no último ano da graduação, concluindo os cursos. Cada curso é avaliado a cada três anos.
Segundo dados do Enade 2018, de 7.276 cursos de instituições particulares, só 240 (3,3%) ficaram com o conceito 5. Entre as instituições públicas, essa taxa sobe para 20,3%.

Perfil dos estudantes
Em nota encaminhada ao G1 na tarde desta sexta-feira, 4, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) afirmou que dois aspectos estão por trás da discrepância dos resultados: o perfil dos estudantes e a metodologia do Enade.
Segundo Celso Niskier, diretor-presidente da Abmes, os universitários matriculados nas instituições privadas são “em sua maioria oriundos das escolas públicas, que notoriamente apresentam um rendimento inferior ao aluno oriundo das escolas particulares”. Ele também defendeu “um novo modelo de Enade, que considere as diferenças regionais e econômicas entre alunos, e que dê incentivo para que eles façam a prova com dedicação”.
Na manhã desta sexta, o ministro Weintraub concordou com os argumentos. Segundo ele, os resultados podem estar relacionados ao perfil dos alunos das universidades – vestibulares em instituições públicas tendem a ser mais concorridos – e a uma possível “sabotagem” dos estudantes.
O ministro lembrou que hoje só há punição para quem não faz a prova, que é o atraso na colação de grau, e disse que há uma série de medidas sendo pensadas para melhorar a adesão ao exame.
“Se a pessoa não acerta 20% na prova, ela tem desempenho pior que o aleatório. É muito ruim. A gente gostaria que essa pessoa não pudesse se formar, mas para isso precisa mudar a lei”, afirmou Weintraub.
“A gente tem uma série de sugestões, tudo vai passar pelo Congresso”, disse o ministro.
Já a proposta de divulgar os melhores resultados dependeria de uma alteração no edital do exame, diz Lopes.
“Para o ano que vem, nós estamos pensando em mudar o edital para que a gente possa divulgar os melhores alunos por faixa. A Lei proíbe que divulgue a nota individual do aluno. Mas a gente quer divulgar quais foram os alunos que tiveram melhor resultado, aqueles que ficaram entre 8 e 10 e entre 6 e 8 na relação por curso, como forma de incentivo para que o aluno busque ficar entre os melhores. Mas a gente precisa mudar o edital e a gente quer mudar para o ano que vem”, afirmou Lopes, presidente do Inep.

Resultados do Enade 2018
Na edição de 2018 do Enade, só 3,3% dos cursos de faculdades privadas conseguiram atingir o conceito máximo. Já entre as instituições públicas, essa taxa sobe para 20,3%.
O cálculo considera as instituições particulares com ou sem fins lucrativos, que somam 7.259 cursos, e inclui 17 cursos de instituições especiais (que são estaduais ou municipais, mas não são gratuitas, e contaram com 807 estudantes no exame).
Já o grupo de instituições públicas inclui 1.244 cursos de universidades e institutos gratuitos das redes federal, estaduais e municipais.
Considerando todos os 8.520 cursos, menos de 6% deles tiveram conceito 5, percentual semelhante ao registrado nos cursos avaliados em 2017. Segundo o Inep, outros 301 cursos ficaram sem conceito no Enade 2018. (Portal G1)

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Fabiano Azevedo: